Após dois anos sem partido, o presidente Jair Bolsonaro se filiou nesta terça-feira (30) ao Partido Liberal (PL). No discurso, ele disse que a renovação da presidência faz parte do jogo, mas não falou sobre sua candidatura à reeleição, dizendo que a filiação não era para "lançar ninguém a cargo nenhum".
Porém, em sua fala, acenou ainda a outros partidos do chamado “Centrão” e criticou a esquerda.
“Estou me sentindo em casa, dentro do Congresso Nacional, naquele plenário na Câmara dos Deputados tendo em vista a quantidade enorme de parlamentares aqui presentes. Vocês me trazem lembranças agradáveis, lembranças de luta, lembranças de embate. Mas, acima de tudo, momentos que nós juntos fizemos pelo nosso país. Eu vim do meio de vocês”, disse no evento.
O PL será a nona sigla da vida política de Bolsonaro desde 1988. Após sair do PSL em novembro de 2019, partido em que venceu as eleições presidenciais, Bolsonaro tentou criar sua própria legenda, o Aliança pelo Brasil, mas sem sucesso.
O presidente pontuou que a decisão “não foi fácil”. Ele não confirmou oficialmente que disputará um novo mandato, mas o movimento de filiação aponta para esse caminho. Segundo o presidente, a chegada ao PL monta uma “nova família” na política.
“Vim do PP, Partido Progressista, e confesso, prezado Valdemar: a decisão não foi fácil. Até mesmo Marcos Pereira, conversei muito com ele, com outros parlamentares também. E uma filiação é como um casamento. Não seremos como marido e mulher, mas seremos como uma família”, completou.
O evento, que aconteceu em Brasília, também marcou a filiação do senador Flavio Bolsonaro, em sua quarta legenda na vida política. Em seu discurso, ele criticou o ex-juiz Sergio Moro, que deve concorrer à Presidência em 2022.
A assinatura da ficha de filiação aconteceu em uma cerimônia em Brasília, que reuniu ministros, senadores e deputados aliados do presidente. Além de Flavio, o ministro de Desenvolvimento Regional, Roberto Marinho, também aderiu ao partido.
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A filiação de Bolsonaro aconteceu após semanas de intensas conversas. A filiação, marcada originalmente para o último dia 22, foi adiada após divergências sobre palanques estaduais. O chefe do Executivo pedia o controle dos acordos partidários. Apoios ao PSDB, em São Paulo, e ao PT, no Nordeste, quase ameaçaram a filiação.
O PL é comandado por Valdemar da Costa Neto, político preso no processo do Mensalão. A sigla é integrante do Centrão, bloco de partidos fisiológicos que apoia o governo.
A expectativa é que junto com o presidente, até 20 deputados aliados mudem de partido para acompanhar o chefe do Executivo.