Motivo de polêmica desde a sua implantação em 2021, o uso de câmeras nos uniformes de policiais no estado de São Paulo virou um tema recorrente na disputa ao governo do estado de São Paulo. No debate de segundo turno realizado pela Band na última segunda-feira (10), o assunto ocupou boa parte do primeiro confronto direto entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Enquanto o petista defende a iniciativa, o candidato do Republicanos se diz contrário e promete por um fim na prática caso seja eleito. A grande diferença entre os dois está no foco dos argumentos.
Haddad enfatiza a diminuição da letalidade policial e a diminuição das mortes de policiais em serviço. Já Tarcísio de Freitas sustenta que a medida diminui a efetividade das ações policiais. O ex-ministro da Infraestrutura menciona que o número de crimes realizados desde a criação do programa Olho Vivo aumentou.
Entre imprecisões, exageros e subjetividades, ambos os candidatos utilizaram números corretos durante o debate. O Band Verifica compara as falas dos dois, levanta números e contextualiza.
O que diz Haddad
No caso da Segurança Pública, eu sou contra a sua proposta de retirar as câmeras dos uniformes da Polícia. Isso tem reduzido a letalidade. A morte de policiais foi reduzida em 80%. Como é que você, que se diz técnico, vai desafiar os dados que são da própria Polícia? Então, nós vamos manter o que está certo no Governo do Estado. São Paulo tem compromisso. Nós aqui, em São Paulo, respeitamos o serviço público. E a gente entende que a tecnologia tem que ser colocada a serviço do servidor, e isso foi aprovado pelos servidores, pelos profissionais da Segurança Pública, e eu vou manter essa política, mas vou valorizar a carreira. Esse, sim, um erro que precisa ser corrigido.
Comprovado
Na verdade, a queda da letalidade é ainda maior do que mencionado pelo candidato petista. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, nos primeiros 8 meses deste ano, a vitimização de policiais em serviço diminuiu 95,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O número de policiais mortos caiu de 45 em 2021 para 2 este ano. A queda da letalidade policial foi de 65,6% nos batalhões que adotaram o sistema. Os números utilizados por Haddad no debate da Band usaram como base o intervalo entre junho de 2021 e maio de 2022. Nesse período, os 19 batalhões que utilizam as câmeras registraram 41 mortes por intervenção policial contra 207 nos 12 meses anteriores ao início do programa.
O que diz Tarcísio
Com relação à política de câmeras, é o seguinte: nós não podemos ter o bandido em situação de vantagem em relação ao policial. Então, tirar a câmera é uma coisa já simbólica, que mostra o seguinte: o Estado está amparando esse policial. Nós não vamos mais admitir o crime no Estado de São Paulo. É um recado aos criminosos. Se a gente for olhar a produtividade, a gente vai ver que a produtividade dos batalhões, nas áreas de influência dos batalhões que estão com câmera caiu; a quantidade de roubos- de crimes contra o patrimônio aumentou, a quantidade de tentativa de estupro aumentou. Então, o que eu estou preocupado? Estou preocupado com a segurança do cidadão, porque a câmera não conseguiu restabelecer a segurança.
Comprovado, mas…
Embora não seja possível comprovar objetivamente a correlação entre o uso da câmera e a efetividade da ação policial, a quantidade de roubos e estupros aumentou em números absolutos no estado. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, foram cometidos 218.839 roubos em 2020. Em 2021, foram 225.706.
Neste ano até agosto, já tinham sido cometidos 156.475 roubos. Mantida a média mensal que fica entre 19 e 20 mil roubos, um novo recorde será estabelecido. Os números dos estupros também aumentaram. Os dados completos estão em: https://www.ssp.sp.gov.br/estatistica/mapas.aspx.
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