Geraldo Alckmin, um dos fundadores do PSDB, vice de Lula? A ideia parecia improvável até meados do final de 2021, quando o petista já ensaiava alianças para as eleições de 2022. O nome do então tucano, prestes a migrar para o PSB, foi ventilado por Márcio França (PSB), amigo de longa data do ex-governador e integrante da equipe de pré-campanha de Lula em São Paulo.
Em janeiro de 2022, Lula se manifestou sobre o tema ao não descartar aliança com o até então adversário. O ex-presidente lembrou-se da parceria de sucesso com o empresário José de Alencar, vice do petista entre 2003 e 2011. Um grande passo foi dado com a filiação de Alckmin ao PSB em março. Meses depois, o improvável aconteceu: o PT oficializou a candidatura da chapa Lula-Alckmin.
Vida política
Governador por quatro vezes, Alckmin começou a vida política em 1972, aos 19 anos, quando ainda era estudante na Faculdade de Medicina de Taubaté, ocasião em que se filiou ao antigo MDB e se tornou o vereador mais votado de Pindamonhangaba, onde nasceu. Em 1976, foi eleito prefeito da cidade.
Após seis anos no Executivo, Alckmin virou deputado estadual e federal, além de se tornar vice-líder da bancada do então PMDB na Assembleia Nacional Constituinte. Posteriormente, foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira, o agora PSDB.
Como presidente estadual do partido, entre 1991 e 1994, atuou para solidificar a sigla no interior do estado. Nas eleições de 1994, foi vice-governador na chapa de Mário Covas. Em 1998, foi reeleito para o mesmo cargo com o correligionário.
Na disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2000, Alckmin recebeu apenas 17% dos votos. Já em 2001, assumiu o governo do estado após a morte de Mário Covas. Em 2002, com mais de 12 milhões de votos, foi reeleito governador. Na disputa pela presidência de 2006, quando se candidatou ao cargo pela primeira vez, o tucano foi derrotado pelo então presidente Lula, no segundo turno.
Alckmin voltou ao poder em São Paulo em 2010, quando foi eleito, em primeiro turno, governador pelo terceiro mandato. Em 2014, foi reeleito, também em primeiro turno, com 57,3% dos votos válidos. Quatro anos mais tarde, voltou a disputar a presidência da República, quando recebeu menos de 5% dos votos válidos e se envolveu em polêmicas com ala tucana liderada por Dória.
Indisposição com Doria
Nos bastidores das eleições de 2018, surge uma indisposição no PSDB. Primeiro, Doria, apadrinhado por Alckmin, já se movimentava em pré-campanha para a presidência da República, na contramão dos planos do ex-governador. A ideia não foi adiante, o que forçou o ex-prefeito a se viabilizar para o Palácio dos Bandeirantes.
Acontece que Doria queria o capital político do então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), altamente popular naquelas eleições, o que poderia prejudicar a campanha nacional de Alckmin.
No segundo turno, a ideia do PSDB, sob a liderança de Alckmin, era se manter neutro na disputa entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT), mas Doria não acatou e, ainda no domingo de apuração do primeiro turno, declarou apoio ao presidenciável de direita ao dizer que lutaria contra o PT. Eis que o ninho tucano racha com o ex-governador fragilizado frente ao que, mais tarde, virou o “Bolsodoria”, que culminou na eleição de ambos.
Vida após eleições de 2018
Pós-eleição de 2018, com Doria visto como uma importante liderança no PSDB, Alckmin dá um tempo da política e passa a se dedicar à medicina. Na Band, inclusive, tornou-se comentarista de saúde. No primeiro semestre de 2021, ele anunciou que sairia do partido depois de 33 anos.
Em dezembro do ano passado, em meio a rumores da possível formação de chapa com Lula, Alckmin se desfilia do PSDB. O movimento foi essencial para a aliança com o petista, que buscou no ex-rival força política para conquistar votos do eleitorado conservador e para amenizar a imagem de “radical” em meio ao empresariado e ao agronegócio.
Planos para o novo governo
No governo federal, durante a campanha, Lula prometeu manter Alckmin ativo nas tomadas de decisão. Em diversas entrevistas e discursos, o presidenciável fez questão de deixar claro que o vice “governará junto”.
Até então, não há perspectivas sobre uma função pragmática de Alckmin no governo. Quando vice de Lula, José de Alencar chefiou o Ministério da Defesa entre 2004 e 2006.
As voltas que o mundo da política dá colocou Alckmin como vice-presidente na chapa do presidente eleito Lula. De opositor ferrenho do petista, sobretudo em 2006, quando ambos disputaram o Planalto, a alvo de racha no PSDB liderado pelo ex-governador João Doria (PSDB), o ex-tucano foi um nome essencial para a vitória de Lula.
Nascido em Pindamonhangaba, Alckmin é casado com Maria Lúcia Ribeiro Alckmin e tem três filhos: Sophia, Geraldo e Thomas. Médico, tem especialização em Anestesiologia no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo.