Câmara aprova PEC do pacote de gastos do governo; texto vai para o Senado

Votação foi adiada na noite de quarta pelo risco de derrota para o governo

Câmara dos Deputados no fim de 2024
Lula Marques/ Agência Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou na tarde desta quinta-feira (19), em 1º e 2º  turno, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que integra o pacote de corte de gastos do governo. A medida traz mudanças ao Programa PIS/Pasep, no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) e nos supersalários do funcionalismo público. A proposta agora precisa ser aprovada no Senado. 

Foram 344 votos favoráveis à medida e 154 contra, além de duas abstenções na primeira votação.  Na segunda, foram 348 votos favoráveis e votos contra e 146 abstenções. São necessários 308 votos para avançar um PEC no Congresso. 



A PEC 45/24 estabelece restrição gradual do acesso ao abono salarial do Programa PIS/Pasep de um salário mínimo, pago aos trabalhadores com carteira assinada e servidores públicos. Ela também trata de mudanças no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) e nos supersalários do funcionalismo público. 

A medida deveria ser votada na noite da última quarta (18), mas foi adiada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), por risco da proposta não avançar. 

Governo e Congresso correm para aprovar todas as medidas econômicas até sexta-feira (20), quando começa o recesso parlamentar. Já foram aprovadas a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Faltam ainda o pacote de cortes de gastos e o Orçamento de 2025. 

Dos cortes de gastos, foram aprovadas na quarta medidas que criam gatilhos para o congelamento de gastos em caso de piora das contas públicas, mas retiraram do texto o corte de emendas parlamentares impositivas e o retorno do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), antigo DPVAT. As medidas devem ser analisadas no Senado nesta quinta. 



Veja como ficou a PEC

Fundeb

Foi retirada autorização para que a União, a partir de 2026, abata do Fundeb a despesa com educação em tempo integral. O texto estabelece que em 2025, até 10% - e não 20% como proposto pelo governo - de complementação da União ao Fundeb poderá ser empregado em manutenção de matrículas em escolas públicas de tempo integral. Já a partir de 2026, de acordo com o texto, no mínimo 4% da complementação dos Estados e municípios ao Fundeb deverá ir para esse mesmo tipo de despesa.

A expectativa é de que, a partir de 2026, o governo federal deixará de gastar com manutenção das matrículas em educação básica em tempo integral, que é uma despesa discricionária (não obrigatória). Esta responsabilidade passará a ser dos Estados e municípios, com recursos da transferência que a União já faz obrigatoriamente ao Fundeb.

Supersalários

O projeto prevê que o tema envolvendo os chamados "supersalários", ou seja, as exceções ao teto remuneratório do funcionalismo público, será disciplinado em lei ordinária, aprovada pelo Congresso Nacional, e não em lei complementar, como proposto pelo governo. A lei ordinária exige um número menor de votos para ser aprovada. Foi retirado o trecho que citava que "somente" as parcelas previstas em lei poderiam ser excetuadas dos limites remuneratórios.

Foi incluído ainda um dispositivo para deixar claro que as indenizações continuarão sendo pagas até a edição da lei. De acordo com o trecho, enquanto não for editada a lei ordinária, as parcelas de caráter indenizatório não serão computadas para efeito dos limites remuneratórios.

DRU

A PEC prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU). O texto determina que são desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2032, 30% da arrecadação da União relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento das despesas do Regime Geral de Previdência Social, às contribuições de intervenção no domínio econômico, às taxas e às receitas patrimoniais.

Execução orçamentária

Foi retirado o dispositivo que previa a revogação dos parágrafos 10 e 11 do artigo 165 da Constituição. Um deles cita que a "administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade". Já o segundo dispositivo está relacionado à forma de execução das emendas.

Abono

A PEC traz alterações nas regras de concessão do abono salarial, benefício no valor de um salário mínimo hoje pago a trabalhadores que recebem no máximo dois mínimos mensais. O texto define que serão elegíveis à política quem ganha até duas vezes o salário mínimo do ano base (2023) para pagamento em 2025, corrigida, a partir de 2026, pela variação anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A ideia é que a porta de entrada para o abono seja limitada, ao fim do período de transição, a quem ganha até um salário mínimo e meio, o que ocorreria em 2035, segundo a projeção da Fazenda.

Concessão de subsídios

A PEC prevê que o Poder Executivo poderá reduzir ou limitar, na elaboração e na execução das leis orçamentárias, as despesas com a concessão de subsídios, subvenções e benefícios de natureza financeira, inclusive os relativos a indenizações e restituições por perdas econômicas, "observado o ato jurídico perfeito".

Em outro trecho, a PEC define que uma lei complementar vai dispor sobre condições e limites para concessão, ampliação ou prorrogação de incentivo ou benefício de natureza tributária.

(Com informações da Agência Câmara de Notícias e Estadão Conteúdo)

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