Carne, combustível e plano de saúde puxam a lista de "vilões" da inflação em 2024

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superou o teto da meta de 4,5% estabelecida pelo governo, divulgou o IGBE

Frigorífico de carne de suínos
José Fernando Ogura/AEN

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 4,83%, superando o teto da meta de 4,5% estabelecida pelo governo. Os setores de alimentação, bebidas e transportes foram os que mais pesaram no bolso do consumidor.

Em dezembro de 2024, o IPCA foi de 0,52%, superior aos 0,39% registrados em novembro. O grupo "Alimentação e bebidas" apresentou uma variação de 1,18% em dezembro, contribuindo com 0,25 ponto percentual para o índice geral. Esse foi o quarto aumento consecutivo do grupo, refletindo a tendência de alta nos preços dos alimentos ao longo do ano.

Principais influências no aumento dos alimentos

A alimentação no domicílio subiu 1,17% em dezembro, impulsionada por aumentos expressivos em itens como:

  • Carnes: 5,26%, com destaque para costela (6,15%), alcatra (5,74%) e contrafilé (5,49%).
  • Óleo de soja: 5,12%.
  • Café moído: 4,99%.

Por outro lado, alguns produtos registraram quedas significativas, como:

  • Limão: -29,82%.
  • Batata-inglesa: -18,69%.
  • Leite longa vida: -2,53%.

A alimentação fora de casa também acelerou, com alta de 1,19% em dezembro, superior aos 0,88% de novembro. A refeição fora de casa teve um aumento de 1,42%, sendo o subitem com a maior contribuição individual (0,05 p.p.), seguido pelo lanche, com variação de 0,96% e contribuição de 0,02 p.p.

Transporte e combustíveis

Este foi um dos setores que mais sofreu pressão inflacionária em 2024, com alta acumulada significativa. Combustíveis, como gasolina (+1,02%) e etanol (+0,91%), foram os principais responsáveis pelas variações. O aumento no custo de veículos novos e usados também contribuiu para o encarecimento do grupo, com impactos diretos no transporte público e no custo de bens transportados.

No grupo dos Transportes (0,69%), o resultado também foi influenciado pelo aumento nos preços do transporte por aplicativo (20,70%) e das passagens aéreas (4,54%). Os combustíveis aumentaram 0,70%, com as seguintes variações: etanol (1,92%), óleo diesel (0,97%), gasolina (0,54%) e gás veicular (0,49%).

Ainda em Transportes, a variação do ônibus urbano (-0,65%) foi influenciada pela gratuidade nas tarifas no dia 25 de dezembro em São Paulo (-3,45%). O trem (3,77%) e o metrô (3,90%) tiveram altas por conta da incorporação de gratuidades concedidas nos dias do ENEM em novembro, em São Paulo (7,07% em ambos os subitens).

Saúde e cuidados pessoais

O grupo de "Saúde e cuidados pessoais" registrou aumento ao longo do ano, fechando dezembro com alta de 0,81%. Produtos de higiene pessoal, como sabonetes e cremes dentais, subiram 1,05%, enquanto serviços médicos e odontológicos tiveram ajustes positivos. Esse comportamento reflete o aumento nos custos de insumos e serviços no setor.

Em Saúde e cuidados pessoais (6,09%), a maior contribuição (0,31 p.p.) veio do plano de saúde (7,87%). Em junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou o teto para reajuste dos planos individuais novos (posteriores à lei nº 9.656/98) em 6,91% para o período de maio de 2024 a abril de 2025. A partir de outubro, passaram a ser incorporadas as frações referentes aos planos antigos, com vigência retroativa a partir de julho. Destacam-se, ainda, a alta de 5,95% dos produtos farmacêuticos - em 31 de março de 2024, passou a valer o reajuste de até 4,50% nos preços dos medicamentos – e de 4,22% nos itens de higiene pessoal.

Habitação

O grupo Habitação apresentou variações moderadas em 2024, com destaque para quedas no custo da energia elétrica residencial em algumas regiões, como Belo Horizonte (-2,41%). Ainda assim, itens como gás de cozinha e aluguel residencial tiveram aumentos, resultando em uma leve alta acumulada no ano. Esse setor foi menos impactado por oscilações extremas comparado a outros.

Educação

Já a Educação presentou alta moderada em 2024, concentrada principalmente nos reajustes de mensalidades escolares e cursos livres no início do ano letivo. Esses aumentos seguiram a tendência anual de correções e impactos da inflação geral nos custos operacionais de instituições de ensino.

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.