Rússia excluída do Swift: o que é e como funciona o sistema global de pagamentos

Principais governos do Ocidente concordaram em retaliar russos financeiramente após ataques à Ucrânia; entenda medida

Da Redação

Swift é o principal mecanismo de transações internacionais Reuters
Swift é o principal mecanismo de transações internacionais
Reuters

Líderes dos principais governos da União Europeia e dos Estados Unidos aprovaram, neste sábado (26), a retirada do governo russo do sistema financeiro Swift. Inicialmente, a medida de retaliação mais dura do Ocidente contra a Rússia após a ofensiva militar contra a Ucrânia afetaria apenas algumas das instituições bancárias russas, tendo como intenção enfraquecer o país do presidente Vladimir Putin, principalmente afetando a moeda local, o rublo.

As medidas concretas devem ser detalhadas nos próximos dias. 

Sigla para Sociedade para Telecomunicação Financeira Mundial entre Bancos (na tradução do inglês), o Swift é o principal mecanismo do tipo adotado pelas instituições do mercado financeiro internacional. Estabelecido por americanos e europeus em 1973 e gerido pela Bélgica, o sistema conecta mais de 11 mil bancos em 200 países. Bloquear a participação de países, portanto, significa prejudicar transações de suas empresas em negócios no exterior

O Swift é responsável por dar rapidez à comunicação e segurança às informações de transações bancárias. Cada instituição tem uma sigla BIC (Código Internacional Bancário, na tradução), que identifica origem e destino das movimentações em diferentes moedas. O sistema movimenta trilhões de dólares.

O Irã sofreu com embargo do Swift entre 2012 e 2016 por conta de seu programa nuclear, o que afetou diretamente a principal commodity do país: a negociação do petróleo.

De acordo com a Associação Russa do Swift, a Rússia tem o segundo maior número de usuários do sistema, atrás apenas dos Estados Unidos.

Medida afeta a Rússia, mas pode ter consequências indiretas para outros países

Com a concretização do banimento do sistema Swift, a Rússia teria dificuldade em sacramentar grandes transações financeiras, já que a comunicação direta entre bancos fora desse sistema é muito mais morosa. 

A Rússia já havia sido ameaçada de ser retirada do Swift em 2014, na época de anexação da Crimeia, que fazia parte da Ucrânia. Por isso, passou a desenvolver um sistema próprio de transferências financeiras entre países, mas que ainda é pouco utilizado. Além disso, a proximidade de Putin com o governo chinês fez com que os dois países desenvolvessem um sistema próprio para suas relações comerciais.

A dificuldade de relações comerciais da Rússia com o exterior pode afetar indiretamente a economia de outros países, principalmente a relação da Europa com a compra de gás russo, como explicou a colunista de economia do BandNews TV Juliana Rosa. Commodities como outros derivados do petróleo russo e insumos agrícolas também podem ter seu fornecimento afetado, como o trigo e milho, por exemplo.

Um efeito colateral ao Brasil, como explica a jornalista e economista, seria no fornecimentos de fertilizantes para o agronegócio - o País tem até 30% de dependência de insumos oriundos da Rússia e Belarus -, o que pode impactar as próximas safras e impactar ao preço final ao consumidor, pressionando a inflação.

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