Por que a Petrobras segue os preços internacionais do petróleo?

No Desenrola Economia, a colunista Juliana Rosa explica os principais motivos que levam a Petrobras a adotar uma política de preços com base em moeda estrangeira

Por Juliana Rosa

A Petrobras é uma estatal autossuficiente em produção de petróleo, mas segue os preços internacionais porque não tem condições de transformar todo o petróleo em gasolina e diesel.

O Brasil não possui capacidade de refino, por isso precisa exportar petróleo bruto e importar petróleo refinado.

Se a Petrobras não cobrar dentro do Brasil o mesmo valor que se cobra no mercado internacional, se cobra mais barato e o importador não tem vantagem de trazer o combustível. O importador não vai comprar mais caro para vender mais barato.

No caso do diesel, a situação é mais delicada, porque o Brasil depende muito mais da importação, cerca de 30%, e a oferta de diesel no mundo está mais apertada, tem baixo estoque e dificuldades logísticas provocadas pela guerra entre Ucrânia e a Rússia, que é o segundo maior exportador de petróleo do mundo.

Sem acompanhar o preço internacional, o país corre risco de desabastecimento. Pode faltar combustíveis.

A empresa diz que tem um papel social e que cumpre segurando os preços o máximo possível e tem sido gerido entregando bons resultados aos acionistas, sendo que o maior deles é o governo federal.

A distribuição de lucros e dividendos pode ser utilizada para fazer políticas públicas, focando na população de baixa renda e em setores mais sensíveis, como os caminhoneiros.

Interferência em uma empresa que tem capital privado gera riscos que além da Petrobras. Pode gerar insegurança para investir no país, desestimular concessões, empregos e desvalorizar o real, gerando mais inflação com a alta do dólar.

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