Quaest: Para 61% do mercado, Haddad perdeu força desde o início da gestão Lula

No último levantamento, realizado em março, percepção sobre enfraquecimento do ministro da Fazenda era de apenas 14%; avaliação positiva do trabalho do petista caiu de 50% para 41%

Por Agência Estado

Quaest: Para 61% do mercado, Haddad perdeu força desde o início da gestão Lula
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) atende a jornalistas após reunião entre o presidente Lula (PT)
Joédson Alves/Agência Brasil

A pesquisa Genial/Quaest que coleta opiniões do mercado financeiro revela uma percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), junto com a perda de credibilidade da política fiscal. 

A avaliação positiva do mercado em relação ao trabalho de Haddad caiu para 41%, frente aos 50% do levantamento anterior, feito em março. Para 61%, o ministro da Fazenda perdeu força desde o início do mandato, sendo que em março apenas 14% tinham esta impressão.

A pesquisa foi realizada nos últimos cinco dias - entre 29 de novembro e 3 de dezembro -, capturando, assim, a reação negativa do mercado financeiro ao pacote fiscal anunciado na quarta-feira da semana passada. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e operadores (traders) de fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A pesquisa confirma o desgaste da política fiscal perante o mercado. A avaliação de 58% dos entrevistados é de que o arcabouço fiscal, que estabelece metas de redução do déficit nas contas públicas e limites para os gastos, perdeu toda a credibilidade. A parcela restante, 42%, entende que restou pouca credibilidade à regra.

Conforme a Genial/Quaest, na esteira das medidas de contenção de despesas públicas consideradas nada satisfatórias por 58%, mais de um terço do mercado (37%) entende que o arcabouço se sustenta apenas até o ano que vem. 

É praticamente generalizada a avaliação, manifestada por 96% dos participantes da pesquisa, de que a política econômica avança na direção errada - um aumento em relação à parcela que tinha esta percepção em março: 71%.

Com isso, apesar de indicadores de atividade acima que surpreenderam neste ano os economistas, a expectativa de piora da economia nos próximos 12 meses subiu de 32% para 88%.

A ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, proposta junto com o pacote, é tida por 85% como uma medida que tende a prejudicar a economia, e metade dos entrevistados (50%) vê como muito provável sua aprovação no Congresso. Apesar disso, aumentou, de 23% para 39%, a avaliação de que, em geral, é baixa a capacidade do governo de aprovar sua agenda no Legislativo.

Após a divulgação do pacote de contenção de gastos, 67% dos fundos dizem que vão aumentar sua posição no exterior. Com 66% do mercado colocando na conta uma aceleração da alta dos juros para 0,75 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, um terço (34%) aposta que o ciclo de aperto monetário termina com a Selic acima de 14%.

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