Lula volta a criticar taxa de juros: 'Não existe explicação para 13,75%'

Em entrevista, o petista disse que Campos Neto 'não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo'

Da Redação

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Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a taxa de juros do país em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (29). Segundo ele, “não existe explicação” para 13,75%. 

"Não existe hoje nenhuma explicação, econômica, sociológica, filosófica o que você quiser pensar para que a taxa de juros esteja a 13,75 porque nós não temos inflação de demanda. Eu acho que é um equívoco”, declarou o presidente.  

Lula voltou a falar na responsabilidade do Senado sobre a taxa de juros, já que foi a Casa que aceitou a indicação de Roberto Campos Neto para o Banco Central durante o governo de Jair Bolsonaro. "Agora você tem um cidadão (Campos Neto) que me parece que não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo, não tem sentimento com o sofrimento do povo, sabe, e mantém uma taxa de juros para atender os interesses de quem? A quem esse cidadão está servindo nesse momento?", questionou. 

O petista afirmou na entrevista que o dinheiro tem que “funcionar e girar” nas mãos de muitos brasileiros para que a economia volte a crescer. “É isso que esse cidadão do banco central tem que entender. O dinheiro tem que circular e para o dinheiro circular os juros tem que ser baixo”, pontuou. 

Venezuela 

Na entrevista, Lula falou sobre a situação da Venezuela e disse que no país vizinho tem mais eleições do que no Brasil, já que é reflexo da crise política. Para ele, a governança do PT é um exemplo de participação da democracia, 

“Vai ter eleição esse ano na Venezuela, a Rádio Gaúcha pode mandar equipe lá. Em 2001 eu tinha apenas 20 dias de governo, eu criei o grupo de amigos da Venezuela, que participou Brasil, Estados Unidos, Espanha, Argentina e parece que Canadá. (...). O referendo foi legítimo, o Colin Powell que era o secretário de Estado americano participou, a condoleezza do resultado eleitoral e muitas vezes a oposição não aceita”, comentou. 

Bolsonaro

“Nós não tivemos um cidadão aqui (Bolsonaro) que não quis aceitar o resultado eleitoral? Nós não tivemos um ‘cidadãozinho’ que quis dar golpe dia 08 de janeiro, tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral (...). As pessoas precisam aprender a aceitar o resultado das eleições”, afirmou Lula durante entrevista à Rádio Gaúcha. 

Lula pontuou que vive em um país em que o presidente da República passou, até os dias atuais, criticando a seriedade das urnas eletrônicas. 

Relação com o Congresso

O petista reforçou que o presidente da República tem que estabelecer relação com o Congresso Nacional, já que o presidente precisa mais do Congresso do que o contrário. Para ele, o presidente precisa de forma civilizada “estabelecer política de discussão com as Casas”. 

“Nós, agora no governo, a cada Medida Provisória que nós fazemos, nós discutimos com as lideranças, muitas vezes nos reunimos com o Lira na Câmara e Pacheco no Senado. A MP é um pensamento do governo, é o pensamento de um ministro, é o pensamento de um segmento da sociedade, mas quando chega no Congresso, são 513 deputados, são 513 cabeças que vieram de lugares diferentes, de origens diferentes, portanto eles têm direito de concordar ou não”, pontuou.