O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (18) que o programa do governo federal para renegociação de dívidas, o Desenrola, é uma “revolução extraordinária” da equipe econômica.
O “Desenrola Brasil” tem o objetivo de combater a inadimplência no país e ajudar pessoas endividadas a pagarem as dívidas. O programa é voltado para pessoas físicas e contempla duas faixas de benefícios e deve ter início para o público em geral em setembro.
“Você, por acaso, já esteve no Serasa? Já caiu na falha mínima de dever R$ 150 e perder crédito? O que está acontecendo é uma revolução extraordinária. Até brinquei com o Haddad, eu falei: ‘se isso dar certo, como você está dizendo, você tem que ganhar, junto com a equipe econômica e quem mais propôs isso, o Prêmio Nobel da Desenrolação’”, afirmou o presidente.
Segundo o petista, todas as pessoas que têm uma pequena dívida de R$ 100, “esse já vai ser facilmente resolvido”, já que os “bancos vão isentar e não vai dever mais nada e vai sair do Serasa”.
“Quem ganha até R$ 20 mil já pode negociar sua dívida com os bancos, ontem teve uma grande procura e até banco anunciando redução de 96% da dívida. Depois, quando chegar em setembro, que vai entrar o aplicativo das pessoas que devem no varejo, nas lojas, as pessoas entram lá no aplicativo e os bancos vão oferecer descontos”, acrescentou Lula.
Lula acredita que o programa de renegociação de dívidas vai ser “excepcional” caso dê certo e vai “salvar 72% da população brasileira que está endividada”. Segundo ele, a medida vai permitir que essas pessoas voltem para o mercado de consumo, já que “todos tem sempre uma coisinha para comprar”, pontuou.
“Agora que vai se aproximando o fim do ano, como o dia das crianças, é muito importante que as pessoas estejam libertas das suas dívidas, para fazer outra dívida sempre de forma muito responsável. Ninguém pode gastar o que não tem. Se quiser fazer uma dívida, tem que saber se cabe dentro do orçamento, se couber você faça e depois que você pagar uma faz a outra para não ficar sufocado no Serasa como tem muita gente hoje no Brasil”, concluiu o petista.
Desenrola Brasil
A adesão dos bancos ao Programa Desenrola, que iniciou nesta segunda-feira (17), pode gerar o perdão de R$ 30 bilhões em dívidas nesta primeira etapa, segundo o Ministério da Fazenda. Em entrevista coletiva, Marcos Barbosa Pinto, secretário de Reformas Econômicas, citou que bancos que aderirem ao programa serão obrigados a perdoarem as dívidas de até R$ 100.
O secretário não citou números, mas disse que os principais bancos do país já estão no programa, como Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa, além de Inter, Pan e C6. Uma vez perdoada, a dívida não poderá ser reativada.
O governo federal trabalha com a expectativa de R$ 7,5 bilhões de aval para bancos perdoarem as dívidas, na ponta, para o cidadão, mas os R$ 30 bilhões são a expectativa maior do governo, relativos ao perdão dos bancos. Os valores são referentes para a faixa 1, dívidas de até R$ 5 mil com rendimento de até dois salários mínimos.
Já a faixa dois é para quem tem vencimento de até R$ 20 mil. O valor da dívida não tem limite. A expectativa do governo é criar melhores condições, dentro do programa, para que 70 milhões de brasileiros, atualmente com o nome negativado, possam negociar dívidas e retomar crédito e consumo.
“Então, incentivo forte que beneficia não só o cliente do banco que tá negativado, porque ele vai ter um alívio financeiro, mas também o resto da população que não está negativo porque vai ter acesso a mais créditos nesse período”, afirma o secretário Marcos Barbosa Pinto.
Neste primeiro momento, só vale para débitos bancários, como cartão de crédito, empréstimos e cheque especial. Quem deve para lojas ou tem contas de consumo atrasadas, terá que esperar até setembro.
“Em setembro a gente vai abrir uma plataforma através do gov.br para renegociação de todos os tipos de dívida. Aí não é só mais banco, entra conta de água, luz, telefone, crediário, tudo isso vai estar disponível para renegociação lá na frente em setembro”, cita o secretário.