
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de uma taxa de 10% para produtos importados do Brasil. No anúncio do “tarifaço”, o país sofrerá a taxa básica proposta pelo republicano a todos os produtos exportados aos EUA.
Além do Brasil, mais de 200 países foram tarifados, com taxas que variam entre 10% e 49%. O Brasil sofreu a taxa mínima, que deve entrar em vigor a partir do sábado (5). Já para os países que receberam taxas individualizadas, elas devem entrar em vigor na próxima quarta-feira (9).
A movimentação gerou incertezas econômicas e afetou as bolsas de valores como o Ibovespa, o Nasdaq, o Dow Jones e o S&P 500. Entenda o que são esses índices e como a imposição de tarifas pode ter influenciado sua oscilação.
Ibovespa
O Ibovespa é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro e serve como termômetro da economia brasileira.
O índice é atualizado a cada quatro meses e é formado por uma seleção teórica de ações. Ele inclui tanto ações comuns quanto "units", que são papéis que combinam diferentes tipos de ativos. As empresas que fazem parte desse índice estão listadas na B3 e atendem a critérios específicos definidos pela metodologia do índice.
Juntas, essas empresas representam cerca de 80% das transações e do volume de dinheiro movimentado no mercado de ações brasileiro.
Nasdaq
Fundada em 1971, a Nasdaq foi a primeira bolsa de valores a listar empresas eletronicamente e hoje é totalmente focada em empresas de tecnologia, como a Apple, Google e Amazon.
Também é possível encontrar nessa bolsa, empresas de setores mais tradicionais da economia, como indústrias e varejistas. Mas essas representam somente uma pequena parte de todas as companhias listadas.
O Índice Nasdaq Composite é um dos principais indicadores dessa bolsa, que é a segunda maior do mundo, ficando atrás apenas da também americana NYSE – a Bolsa de Valores de Nova York.
A sigla Nasdaq vem de National Association of Securities Dealers Automated Quotations (Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotações Automáticas).
Dow Jones
O índice Dow Jones, formalmente Dow Jones Industrial Average (DJIA), ou simplesmente “The Dow”, é o mais tradicional índice do mercado americano de ações. Embora não seja o mais antigo, sua história se confunde com a das bolsas dos Estados Unidos.
O indicador foi criado em 1896 pelo jornalista Charles Dow, cofundador da Dow Jones & Company e do Wall Street Journal, visando acompanhar as tendências do mercado. Ele reflete o desempenho das ações de 30 grandes empresas dos EUA, abrangendo quase todos os setores, exceto transportes e serviços públicos. O peso de cada empresa no índice é determinado pelo preço das suas ações.
É também um termômetro dos segmentos mais tradicionais da economia americana, pois as empresas que o compõem são consolidadas e líderes em suas áreas de atuação. Não é possível investir em índices diretamente, mas eles servem como referência para diferentes tipos de investimentos.
S&P 500
O S&P 500 é um dos índices mais seguidos do mundo. Isso porque, reúne as maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos e oferece um amplo panorama das bolsas norte-americanas. A S&P pode ser comparada - em termos de importância - com a Ibovespa, B3.
Índice é formado pelas 500 maiores empresas dos Estados Unidos, mas essas empresas não são escolhidas aleatoriamente. Elas devem atender a uma série de critérios, como tamanho de mercado (capitalização de mercado), liquidez (facilidade de compra e venda das ações) e a sua presença no mercado.
Entre as empresas que fazem parte da S&P 500 estão: Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet (Google), Tesla (veículos elétricos), Berkshire Hathaway (holding do bilionário Warren Buffett), UnitedHealth Group (saúde), Johnson & Johnson, Nvidia (tecnologia) e Meta (Facebook).
Como essas bolsas estão após o tarifaço?
Nos Estados Unidos, os índices futuros estão caindo bastante. O Nasdaq futuro, que reúne algumas das maiores empresas de tecnologia do país, teve uma queda de 4,03%. O S&P futuro perdeu 3,48%, e o Dow Jones futuro caiu -2,90%. Essas perdas refletem a preocupação dos investidores e analistas com os possíveis impactos inflacionários (aumento nos preços) das tarifas impostas por Trump.
O Ibovespa avança no fim da manhã desta quinta-feira, 3, após operar indefinido no início da sessão, em meio ao forte recuo dos índices de ações internacionais na esteira do anúncio do tarifaço. A queda dos juros futuros em sintonia com os rendimentos dos Treasuries e a desvalorização do dólar frente o real, reforçam o clima positivo para o principal indicador da B3.
"No relativo, o Brasil sai menos prejudicado. O governo está assumindo uma postura pragmática, não querendo retaliar. Então, além de as tarifas impostas serem menores 10%, a postura que tem adotado abre espaço para negociar", avalia Eduardo Carlier, co diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management. "Na largada, o combo - real apreciando, juros futuros caindo e Ibovespa subindo -, o Brasil está se saindo bem."
A alta ocorre ainda apesar do declínio de até 7,00% nas cotações do petróleo, diante do temor de uma recessão nos EUA por conta das tarifas impostas pelo governo a vários países.
*com Agência Estado.