Pela primeira vez na história, o dólar ultrapassou o nível de R$ 6 nesta semana. Nesta sexta-feira, 29, a moeda norte-americana fechou as negociações cotada a R$ 6,001 - avanço de 0,20%. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,115. A cotação da moeda começou a cair só depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco, terem vindo a público dizer que a mudança do IR ficará para depois de ser resolvido o pacote de corte de gastos.
"Não adianta se queixar do mercado. Ah, o mercado leu errado. Cuida da comunicação, não deixe a informação vazar. Quando vazar, tem uma autoridade constituída para explicar, e aí você não vai ter problema. Mas, de fato, o que me contrariou é o fato de não ter sido explicado da maneira correta. É o fato de que você permitiu uma leitura muito equivocada do que estava sendo proposto", disse em entrevista à Record News.
O ministro avaliou que o arrefecimento da alta do dólar hoje se deu justamente pelas explicações que estão sendo dadas pelo governo em relação às medidas anunciadas.
"Uma coisa é a reforma da renda, que é neutra do ponto de vista fiscal. O que quer dizer isso? Se nós demos isenção para quem ganha menos de R$ 5 mil, isso tem de ser compensado por quem ganha mais de R$ 50 mil e não paga. Então tem de encontrar um equilíbrio. As medidas fiscais, não. Essa é para conter a despesa mesmo", disse.
'Discussão para o ano que vem'
Haddad lembrou que a ampliação da faixa de isenção do IR para R$ 5 mil é um compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. e reafirmou que a proposta só será discutida em 2025.
"Isso é uma proposta que o presidente Lula se comprometeu a encaminhar para o Congresso Nacional e que vai ter lá o ano que vem para ser discutida. O ano que vem tem várias vantagens. A pauta do Legislativo está mais leve. Nós vamos ter votado muita coisa nesses dois anos, então a pauta vai estar mais tranquila. Segundo lugar: não tem eleição no ano que vem. Está todo mundo tranquilo para se debruçar sobre o assunto e ver o que é justo", afirmou.
A proposta de ampliação da isenção do IR representa um impacto de R$ 35 bilhões, que será compensado, em parte, pela taxação de rendas superiores a R$ 50 mil por mês. Haddad observou que uma renda superior a R$ 1 milhão anual é grande em qualquer lugar do mundo e que o presidente Lula busca distribuir melhor o peso dos impostos.
Ele voltou a reiterar que o governo não quer arrecadar mais, mas sim de forma mais justa, e ponderou que o Congresso terá tempo, meses para discutir sobre o IR.
"Eu penso que deve ser valorizado esse gesto do presidente por uma simples razão. Outros presidentes prometeram fazer isso, e nenhum sequer tomou a iniciativa de mandar para o Congresso Nacional", afirmou.