Os ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, divulgaram nesta quinta-feira (30) a proposta do novo “arcabouço fiscal” do governo federal. Projeto prevê subir teto de gastos.
Após a divulgação da proposta, o novo arcabouço fiscal será encaminhado como projeto de lei (PL) para ser votado no Congresso Nacional. O governo deve encaminhar a proposta para votação nas casas na primeira semana de abril.
O objetivo da nova regra fiscal é permitir que o governo federal possa fazer gastos no que considerar prioritário como saúde e segurança pública, ou seja, dessa maneira possibilita investimentos públicos sem o descontrole das contas públicas.
O modelo atual do teto de gastos, permite uma variação de valores de acordo com a inflação, sem acompanhar o crescimento real do país, limitando investimentos. A nova proposta busca um compromisso de superávit fiscal em bandas, que vão acompanhar o crescimento do país e ao mesmo tempo serão utilizadas para limitar os gastos, possibilitando investimentos. Veja abaixo como vai funcionar o modelo de bandas.
Segundo Fernando Haddad, o novo arcabouço fiscal “precise ter credibilidade, previsibilidade e seriedade. Ter um horizonte para que as famílias, os investidores, os empresários e os trabalhadores organizem suas vidas a partir de regras claras. Regras exigentes, mas críveis”. Sobre o atual teto de gastos ele disse "tem um problema tanto na expansão e como na retração da economia", prejudicando investimentos no país.
Veja os pontos do arcabouço fiscal:
Superávit fiscal
O governo federal estabeleceu metas para o resultado primário, que é a diferença entre o que é arrecadado e as despesas. Para 2023, a meta primária foi estabelecida entre 0,25% e 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) com o centro do déficit em 0,5%. Em 2024, será permitido um superávit de 0,25% ou déficit no mesmo percentual, mas o objetivo é zerar o déficit.
Veja detalhes para os próximos anos no gráfico:
Crescimento de despesas
O objetivo da nova regra fiscal é permitir que o governo federal possa fazer gastos no que considerar prioritário como saúde e segurança pública, ou seja, dessa maneira possibilita investimentos públicos sem o descontrole das contas públicas.
A proposta do arcabouço fiscal prevê o crescimento anual atrelado ao da despesa, com isso será limitado a 70% da variação da receita primária dos últimos 12 meses. Ou seja, para cada R$ 100 que o governo arrecadar, poderá elevar os gastos até R$ 70. Os 30% restantes serão utilizados para a extinção da dívida.
Dentro dessa trilha de 70% da variação da receita, haverá um limite superior e um piso para a oscilação da despesa. Em momentos de maior crescimento da economia, a despesa não poderá crescer mais de 2,5% ao ano acima da inflação. Em momentos de contração econômica, o gasto não poderá crescer mais que 0,6% ao ano acima da inflação.
Se os esforços do governo de aumento de receitas e redução de despesas resultarem em primário abaixo da banda, ou seja, intervalo percentual para cumprimento do primário, obriga à redução do crescimento de despesas para 50% do crescimento da receita.
Para não punir os investimentos, o novo arcabouço prevê um piso para esse tipo de gasto e permite que, caso o superávit primário fique acima do teto da banda, o excedente será usado para obras públicas.
Endividamento público
Em relação ao endividamento do governo, o novo arcabouço fiscal prevê um pequeno crescimento da dívida pública bruta até 2025 e a estabilização em 2026, em 76,54% do PIB. Essas projeções, no entanto, ocorrem no cenário em que o resultado primário fique no centro dos limites previstos para as bandas. Caso o governo economize menos que o esperado, a dívida aumentará de 74,11% do PIB em 2023 para 77,34% em 2026.
Caso o Banco Central reduza os juros, ressaltou o Ministério da Fazenda, o endividamento poderá cair. Com uma eventual queda de 1 ponto percentual na taxa Selic (juros básicos da economia), a dívida pública bruta poderá passar de 75,07% do PIB em 2023 para 75,7% em 2024 e recuar para 75,04% do PIB em 2026. Com uma redução de 2 pontos, poderá cair de 75,03% do PIB neste ano para 73,58% em 2026.
Veja lista dos principais pontos do novo arcabouço fiscal
- Limite de crescimento da despesa primária a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores;
- Limite superior e inferior dentro dessa trilha de 70% do aumento de receita;
- Mecanismo de ajuste para impedir o aumento dos gastos em momentos de crescimento econômico e a queda dos gastos em caso de baixo crescimento;
- Aplicação de mecanismos de punição. Caso o resultado primário fique abaixo do limite mínimo da banda, o crescimento das despesas para o ano seguinte cai de 70% para 50% do crescimento da receita;
- Promessa de zerar déficit primário em 2024, com superávit de 0,5% do PIB em 2025 e 1% em 2026;
- Meta de resultado primário terá banda de flutuação, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cada ano;
- Excedente de superávit primário acima do teto da banda poderá ser usado para investimentos;
- Promessa de que dívida pública bruta subirá levemente até 2026 e depois será estabilizada;
- Exceções apenas para gastos instituídos pela Constituição, como o Fundeb e o piso nacional da enfermagem. Essas despesas não podem ser regulamentadas por lei complementar.