O Desenrola Brasil, lançado no último dia 17 para ajudar na renegociação de dívidas da população, já tem números significativos apesar do pouco tempo de operação. Em duas semanas após o lançamento, o governo registra que o programa retirou a negativação de 3,5 milhões de pessoas com dívidas de até R$ 100, , o que representa R$ 2,5 bilhões. Ao todo, mais de 400 mil contratos foram repactuados.
O programa é voltado para pessoas com CPF negativado, ou seja, que tem dívidas inscritas nos cadastros do país, como Serasa e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Estima-se que mais de 70 milhões de brasileiros sejam beneficiados com a iniciativa - cerca de 40 milhões na faixa 1 e 30 milhões na faixa 2.
Um balanço do Serasa mostra que a renegociação de dívidas bancárias aumentou 60% após uma semana do lançamento e o valor total de descontos cresceu 90% no mesmo período. A pesquisa mostra que porcentual médio de descontos ficou em 48%. Antes do Desenrola, entre 19 e 25 de junho, 143 mil dívidas atrasadas foram negociadas. Já no mesmo intervalo de dias após o lançamento do programa, o número salta para 231 mil débitos negociados.
Quais instituições aderiram ao Desenrola?
O Desenrola vale para quem foi incluído no cadastro de inadimplentes entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022 e as operações contratadas estarão isentas de IOF. Ao menos 11 bancos ou instituições já confirmaram participação no Desenrola: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Inter, PicPay, Mercado Pago, LuizaCred, C6 e Nubank.
Outra boa notícia para o consumidor que quer 'limpar o nome' é que algumas lojas de departamento também aderiram ao programa, como são os casos das Casas Bahia, rede Ponto e Renner. As duas primeiras aceitam acordos até o dia 31 de agosto por forma presencial, em qualquer loja, ou por meio dos canais oficiais online ou centrais de atendimento. Os carnês vencidos poderão ser pagos sem juros ou multa, parcelados em até 36 vezes. Já a Renner fará a adesão ao Desenrola nas próximas semanas, com descontos que podem chegar até 98% e parcelamento em até 48 vezes.
Como funciona o Desenrola e quais são as etapas
A primeira fase do programa, que terminou no último dia 28, é chamada de faixa 2 e têm foco nas dívidas bancárias de consumidores com renda mensal de até R$ 20 mil. Essa faixa de público procurou as instituições para limpar o 'nome sujo'. As renegociações têm prazo mínimo de 12 meses para pagamento e não há limite de valor das dívidas. Vale lembrar que não entram na revisão os débitos que têm garantias reais, como crédito imobiliário e de veículos.
A segunda etapa do programa, faixa 1, é destinada à população de baixa renda, pessoas físicas com renda mensal igual ou inferior a dois salários mínimos (R$ 2.640) ou inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Esse público deve aderir ao Desenrola Brasil pela plataforma digital gov.br, escolher o agente financeiro e a forma de pagamento. Mas atenção: se após a renegociação o consumidor ficar inadimplente, voltará a ter o nome 'sujo'.
O início previsto da faixa 1 deve ocorrer em setembro, para quem tem dívidas de até R$ 5 mil, incluindo de serviços, como contas de água, gás, luz e telefonia, além de varejistas - o que representa 66,3% dos cadastros negativos do país. Para esse novo recorte, a taxa de juros será de 1,99%, com parcelas mínimas de R$ 50 e parcelamento em até 60 vezes.
Os bancos participantes do programa precisam retirar as restrições de pessoas que estejam negativadas por causa de dívidas de até R$ 100 até o fim deste mês. Vale deixar claro que a dívida não será perdoada - o consumidor deve acertar o que deve, mesmo não estando mais negativado. Assim, mais de 1,5 milhão de consumidores terão imediatamente os 'nomes limpos' e voltarão a conseguir crédito ou fazer contratos de aluguel, caso não tenham outras dívidas negativadas.
Cuidados com os golpes
Com o sucesso do programa, surgem também os golpes em circulação. Segundo divulgado pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), criminosos estão aproveitando o interesse em alta da população pelo Desenrola para enganar usuários com links falsos, uso de dados confidenciais e pedidos por transações financeiras.
É preciso ficar atento a links suspeitos recebidos em aplicativos de mensagens, redes sociais ou sites de buscas com conteúdo patrocinado. Em todas as situações, o próprio cliente deve entrar em contato com o banco, seja pessoalmente ou pelos canais oficiais de atendimento, e nunca enviar valores para garantir melhores condições nas negociações.
Qualquer débito em conta somente ocorrerá após a formalização de um contrato de renegociação e sempre nas datas acordadas com o banco. Se o pagamento for feito em boleto, o usuário deve conferir se o pagamento está sendo feito para a instituição com a qual existe a pendência.