Daniella Marques lista atuação da Caixa para mulheres após denúncias de assédio

Substituta de Pedro Guimarães após denúncias de assédio sexual e moral a funcionárias, Daniella Marques foi entrevistada do Canal Livre deste domingo (25)

Da redação

A presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, é a convidada do Canal Livre deste domingo (25). Na entrevista, a substituta de Pedro Guimarães após denúncias de assédio sexual e moral a funcionárias da instituição destacou a reestruturação e novas prioridades do banco público.

O Canal Livre vai ao ar a partir das 20h, no BandNews TV. Depois da série Breaking Bad, às 23h30, o programa será transmitido na tela da Band. A apresentação é de Eduardo Oinegue. Os jornalistas Fernando Mitre e Juliana Rosa participam como entrevistadores.

Marques destacou que, após o escândalo com Guimarães, a Caixa criou mecanismos a fim de destacar a independência da instituição em algumas frentes:

  • contratação de empresa independente para apurar as denúncias de assédio;
  • declarar independência da Corregedoria da Caixa, que passa a se reportar ao Conselho de Administração e não mais à presidência;
  • instalação de uma Comissão de Supervisão;
  • criação de canal interno de apoio e acolhimento para mulheres com atendimento presencial.

“A única esfera que o banco tem é a punição disciplinar que, na verdade, todos os envolvidos já foram afastados. Então, eventualmente, se forem concluídas e constatada a culpa, quem vai ter a esfera para atuar é o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho”, explicou a gestora.

“Ambiente hostil”

Ao ser questionada sobre o retorno das mulheres no que diz respeito a um ambiente de trabalho que provoca insegurança, Marques destaca o papel do banco sobre treinamento contra abusos e preservar o sigilo de possíveis vítimas. A gestora ainda reconhece que o mercado financeiro é um espaço hostil para elas.

“Eu acho que o caminho é trabalhar na cultura, prevenção. Eu sou mulher, então, para mim, eu sei um pouco o que é um ambiente de trabalho hostil para mulheres no setor financeiro. Cresci porque, eu brinco, entrei sem pedir licença. Fui lá e fiz. Às vezes, tive que tampar o ouvido”, analisou Marques.

Caixa pra Elas

Para além dos limites dos escritórios da Caixa, em Brasília, Marques ressaltou o papel da instituição no que diz respeito à programas voltados para mulheres. Um deles é o “Caixa pra elas”, cujo atendimento se dedica ao público feminino e oferece orientação sobre prevenção à violência, promoção de educação financeira e empreendedorismo e produtos e serviços pensados pra elas.

“A gente lançou uma estratégia ampla e focada em mulheres. No pilar social, promovendo essa questão da prevenção à violência contra mulher, ao abuso de criança, unido ao Ministério da Mulher toda a força de rede da Caixa, toda a potência dessas 4 mil agências, postos de atendimento, aplicativo. Para conscientizar e proteger mulheres, 8 mil embaixadoras foram capacitadas”, contou a presidente.

Redução de agências X experiência digital

Num contexto de digitalização, dados a redução de agências de outros bancos, a Caixa continua com cerca de 27 postos entre agências e lotéricas em todo o Brasil. Nesse sentido, Marques ressalta que há um trabalho para melhorar a experiência digital do cliente ao mesmo tempo em que inexiste a possibilidade de fechamento em cidades pequenas e carentes.

“Nos grandes centros, você reduz a necessidade de ter pontos físicos de atendimento porque as pessoas têm internet, redes sociais. Em cidade pequena, tem a prefeitura, igreja e Caixa. Então, a Caixa está presente onde nenhum outro banco está. É parte da vocação social da Caixa”, analisou a gestora.

Inflação, juros e investimentos

Marques analisou o cenário atual inflação e alta de juros no mundo. Segundo ela, apesar disso, os números da economia do Brasil apresentam melhoras, o que mantém certo otimismo da presidente da Caixa quanto à expansão de carteira e em relação a tornar a instituição no “banco do empreendedor”.

“A Caixa tem um compromisso de praticar as menores taxas do mercado, seja em cheque especial, seja em outras modalidades”, disse Marques. “Eu estou bastante otimista. Os números falam por si do banco sobre a expansão de carteira. A gente quer ser esse banco do empreendedor, impulsionar o empreendedorismo”, salientou.

Quem é Daniella Marques

Antes de assumir a presidência da Caixa, Marques era secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia e braço direito do ministro Paulo Guedes. Ela foi nomeada em fevereiro para o cargo. Ela também atuou como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do ministro da Economia desde o início do governo, em 2019.

Formada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e com MBA em Finanças pelo IBMEC/RJ, a presidente da Caixa trabalhou por 20 anos no mercado financeiro, na área de gestão independente de fundos de investimentos.