O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quarta-feira, 15, que o atual patamar de juros faz parte da política monetária - com "subidas e descidas" - e que obviamente essa taxa afeta a dívida pública. Mas, para o secretário, é preciso olhar esse indicador com serenidade, uma vez que a Selic também terá momentos de baixa. Antes, contudo, o Banco Central precisará "cumprir o seu papel" para colocar a inflação dentro da meta, reconheceu Ceron.
Ele voltou a dizer que é possível discutir a velocidade do ajuste fiscal, dada uma eventual mudança "estrutural" do ambiente.
Questionado então se um arrocho maior não sacrificaria o crescimento, Ceron argumentou que "há formas e formas de fazê-lo", admitindo que no momento está "clara" a necessidade de desaceleração ou acomodação da economia num pouso suave para evitar um descolamento do processo inflacionário.
"Isso é importante, ter esse balanço. É saudável ter uma atividade econômica dinâmica, que tenha seu crescimento, mas ela tem que ser compatível com um bom equilíbrio, do ponto de vista inflacionário, e cumprindo as metas de inflação, e também do balanço nas suas contas externas", respondeu o secretário.
Por isso, ele disse que o momento é de garantir que o BC cumpra seu papel o mais rápido possível, para que tanto a inflação medida como suas expectativas sejam reancoradas. "A partir do momento em que ele conseguir cumprir o seu papel, a gente pode voltar a ter taxas de juros mais civilizadas", disse.
PIB potencial e reancoragem das expectativas
O secretário do Tesouro Nacional disse que o entendimento sobre o PIB potencial do País será "testado aos poucos", mas evitou entrar na discussão sobre se o crescimento atual estaria acima ou não do potencial, embora reconheça as pressões inflacionárias.
"É importante que se haja de forma preventiva para evitar que isso gere um processo de descolamento. O quanto ele está acima ou não, nós vamos notar a partir do quanto esse processo de reancoragem inflacionária vai acontecer. Se ele acontecer rápido, de uma forma ou de outra, como sempre, talvez estejamos mais próximo", disse Ceron.
O secretário defendeu que será menos "doloroso" se o trabalho de reancoragem ocorrer mais rápido, sem que se acumule um problema que depois obrigará o País a entrar numa recessão. "Tem um processo de aumento da inflação que acabou levando o acumulado da inflação para fora da banda e ele precisa retornar", disse Ceron, para quem o processo recuperação fiscal deve continuar, conciliando uma boa atividade econômica com inflação controlada.
Na avaliação do secretário, o ano de 2025 tem boas perspectivas do ponto de vista de contas externas, o que será acompanhado de "sinalizações e ações corretas" que irão melhorar as expectativas e criar condições para o Banco Central cumprir seu papel.
"O governo tem de estar bem consciente disso e essa harmonização entre o trabalho do Banco Central e da política fiscal, da política econômica como um todo, é sempre muito enfatizada pelo ministro e vai ser muito reforçada em 2025", disse.