Centrão aproveita reajuste para pedir quebra de "monopólio" da Petrobras

Estatal anunciou aumento de 5,18% no preço da gasolina e 14,25% no diesel

Narley Resende

Deputados e senadores do Centrão, além de integrantes do governo que compõem o grupo, criticam a política de preços da Petrobras. Com o anúncio de novo aumento no valor do diesel e da gasolina, os políticos, que são aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), dispararam ataques em pronunciamentos e mensagens na internet. 

Simultaneamente, o grupo articula um pedido de renúncia imediata do presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho e uma quebra de “monopólio da estatal”.

A Petrobras concentra em suas refinarias a produção de quase todos os combustíveis distribuídos nos postos do País. O mercado, porém, é aberto a outros concorrentes há mais de 20 anos. 

A ausência de concorrência está ligada ao controle estatal da gigante do petróleo, pois isso inibe a entrada de empresas capazes de concorrer com uma tão grande e antiga quanto a Petrobras. 

Pauta do Centrão

O deputado federal Danilo Forte (UB-CE), presidente da Frente Parlamentar de Energias Renováveis e autor projeto estabeleceu o teto do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) para combustíveis, lidera a defesa das pautas.   

“A Petrobras, quando precisa ser empresa pública, para se beneficiar do Tesouro, ela o é. Agora tomamos uma medida importante para diminuir os preços ao consumidor, e ela ameaça com aumento”, disse.  “Está na hora de quebrar o monopólio de fato da Petrobras", completou.  

"Temos que encarar este debate, não pode a Petrobras vender petróleo para China mais barato do que vende para nossas refinarias. Isso precisa ser combatido”, apontou o deputado. 

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), expoente do Centrão, foi às redes sociais explorar a repercussão do aumento de preços dos combustíveis. 

“Basta! Chegou a hora. A Petrobras não é de seus diretores. É do Brasil. E não pode, por isso, continuar com tanta insensibilidade, ignorar sua função social e abandonar os brasileiros na maior crise do último século”, escreveu no Twitter. Nogueira cobra a renúncia do presidente da Petrobras para que o novo indicado, Caio Paes de Andrade, assuma o posto

O alvo dos ataques na defesa da “quebra do monopólio” da estatal é o lucro que a Petrobras aferiu no último ano. Apenas em dividendos para a União, serão pagos R$ 31,5 bilhões de maio a julho. 

Entre outros políticos do Centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro também fez críticas à ampresa

“A República Federativa da Petrobras, um país independente e em declarado estado de guerra em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, parece ter anunciado o bombardeio de um novo aumento nos combustíveis”, criticou.

"Enquanto tentamos aliviar o drama dos mais vulneráveis nessa crise mundial sem precedentes, a estatal brasileira que possui função social age como amiga dos lucros bilionários e inimiga do Brasil", continuou Lira.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), repetiu apelos do presidente Jair Bolsonaro para que a Petrobras segure um novo reajuste dos combustíveis.

Barros declarou que a empresa “tem condições de esperar” para mudar mais uma vez o preço dos derivados de petróleo.

Bolsonaro

Em live na quinta (16), o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que a empresa prejudicaria a população aumentando novamente o valor dos combustíveis.  

“A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos”, afirmou o presidente, destacando no Twitter que o governo federal, enquanto acionista majoritário da empresa, é contra qualquer aumento nos preços dos combustíveis.

O presidente disse que existe um “interesse político para atingir o governo federal”. 

“Quanto mais o povo está sofrendo aqui, mais felizes estão os diretores e o atual presidente da Petrobras. A gente espera que o Conselho se reúna, porque o conselho não quer se reunir para decidir a troca do presidente”, disse. 

Na quarta-feira (15), o Congresso Nacional limitou em 17% a cobrança de ICMS pelos Estados sobre combustíveis, energia elétrica, serviços de telecomunicações e transporte público. O projeto segue para sanção de Bolsonaro