Banco Central pode aumentar os juros novamente na próxima reunião do Copom

Semana passada, a taxa Selic subiu de 10,75 para 11,75%, medida anunciada para controlar a alta da inflação no Brasil

Da redação com Agência Brasil

Comitê do Banco Central deve se reunir no início de maio para definir Selic Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comitê do Banco Central deve se reunir no início de maio para definir Selic
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou que deve aumentar novamente a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual no próximo encontro, marcado para o início de maio. A ata do último encontro foi divulgada nesta terça-feira, 22. 

O Copom justificou que o conflito entre Rússia e Ucrânia, além do choque de oferta de preços de commodities (matérias-primas com cotação internacional) levam ao aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Dessa forma, há um “potencial de exacerbar as pressões inflacionárias”.

Na última quarta-feira, 16, por unanimidade, o comitê decidiu aumentar a taxa Selic de 10,75% para 11,75% ao ano. A medida é uma forma de controlar a alta da inflação no Brasil.

“A reorganização das cadeias de globais, com a criação de redundâncias na produção, no suprimento de insumos e mudança no tratamento dos estoques de bens (no sentido de se deter maiores estoques), ganhou novo impulso com o conflito na Europa e as sanções aplicadas à Rússia”, diz a ata. 

O comitê também disse que a inflação ao consumidor segue elevada e que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve permanecer acima da meta estipulada pelo governo, que é de 3,5%, com variação de 1,5%. 

“A alta nos preços dos bens industriais não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou ainda mais. As leituras recentes vieram acima do esperado, e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis quanto nos mais associados à inflação subjacente”, diz o Copom.

Na visão do comitê, o cenário econômico recomenda uma reação da política monetária frente aos “impactos secundários desse tipo de choque”. Isso fez o Copom apostar em uma alternativa, a de que a previsão do barril de petróleo passe a custar 121 dólares no final de 2023. O valor é bem acima das projeções de mercado.

“O comitê observou que o atual ambiente de incerteza e volatilidade elevadas demanda serenidade para a avaliação dos impactos de longo prazo do atual choque e, portanto, optou por comparar essa hipótese com os preços de contratos futuros de petróleo, negociados em bolsas internacionais, e com projeções de agências do setor”, continuou o comitê do BC.

A alta nas commodities motivou o Copom optar por uma trajetória de juros mais tempestiva e que tal preferência significa cautela às probabilidades atribuídas aos cenários levantados, a mensuração dos efeitos de segunda ordem e o comprometimento com a convergência da inflação e das expectativas para as metas de inflação no horizonte relevante.

O comitê reconheceu, entretanto, que o cenário é desafiador para a convergência da inflação às metas, além de informar que estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário, caso o cenário evolua desfavoravelmente.

“Com base nesses resultados, os membros do Copom debateram a estratégia mais apropriada. Concluiu-se que um novo ajuste de 1 ponto percentual, seguido de ajuste adicional de mesma magnitude, é a estratégia mais adequada para atingir aperto monetário suficiente e garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos”, diz a ata.