O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne pela primeira vez, nesta quarta-feira (27), com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após uma série de críticas à alta taxa de juros.
O encontro será realizado no final da tarde desta quarta-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília, e deve contar com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Essa será a primeira reunião entre Lula e Campos Neto desde que o petista assumiu a presidência do Brasil. Eles chegaram a se encontrar em dezembro do ano passado, em Brasília, dois dias antes da posse.
Desde que assumiu a presidência, Lula lançou inúmeras críticas ao chefe do BC, quando a taxa básica de juros estava em 13,75%. Em fevereiro, o petista chegou a afirmar que não havia justificativa para manter o patamar alto da Selic.
Relembre críticas de Lula ao BC
A taxa em 13,75% ao ano foi o maior percentual desde 2016. Para justificar o patamar elevado, na época, o Banco Central informou que os juros altos são necessários para controlar a inflação no país.
Após a manutenção da taxa nesse percentual em junho, Lula afirmou que Roberto Campos Neto “joga contra a economia brasileira” e disse que o patamar era “irracional”.
Após uma série de críticas, o Banco Central decidiu reduzir a Selic de 13,75% para 13,25% após reunião do Copom em agosto, que marcou a primeira queda na taxa de juros em três anos. Com a decisão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil está “na direção certa”.
A partir da decisão do Banco Central, as críticas de Lula ao presidente do Banco Central diminuíram, porém ele afirmou que “continuaria brigando” pela redução da taxa básica de juros.
O Banco Central reduziu a taxa básica de juros, a Selic, de 13,25% para 12,75% ao ano, uma variação negativa de 0,5 ponto percentual (p.p) em 20 de setembro. Esta foi a segunda baixa consecutiva determinada pelo Comitê de Política Monetária. Roberto Campos Neto acompanhou todos os outros que votaram a favor da redução.
Porém, o Copom mostrou preocupação com as incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta, segundo a ata da reunião do comitê da semana passada divulgada nesta terça-feira (26). São fatores que impactam a decisão do BC sobre a taxa básica de juros.
Para os membros do colegiado, entre as razões estaria a preocupação de agentes financeiros com a política fiscal de equilíbrio das contas públicas do país. “As expectativas de inflação, após apresentarem reancoragem parcial, seguem sendo um fator de preocupação”, diz a ata da reunião, divulgada nesta terça-feira (26) pelo BC, em Brasília.