Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionar, em discurso na China, a hegemonia do dólar nas transações globais, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), disse que a aproximação do Brasil com o gigante asiático é natural.
Para justificar a fala de Lula, o pessebista ressaltou que os blocos econômicos e regionais costumam importar e exportar entre si. A declaração foi dada em entrevista exclusiva à BandNews FM, na manhã desta sexta-feira (14).
“O mundo, embora globalizado, tem um comércio intrarregional. Europa e União Europeia tem 60% do comércio entre eles. Na Ásia, 70% do comércio é entre eles. Na América Latina, só 26%. Então, nós precisamos fortalecer o comércio com os países vizinhos, para onde vendemos ônibus, caminhão, autopeças, linha branca, enfim”, disse Alckmin.
Para o presidente em exercício, as parcerias firmadas entre Brasil e China são naturais, dadas as importâncias dos países na América Latina e Ásia. Cabe ressaltar que Lula desembarcou na China, na última quarta-feira (12), para cumprir agenda oficial no país, inclusive com o presidente chinês, Xi Jinping.
É natural essa parceria [do Brasil com a China]. A China é o grande líder da Ásia. O Brasil é o grande líder da América Latina
Posições de Lula
Limitar o poder do dólar em transações regionais ou intrabloco é defendido por Lula desde a posse. Na América do Sul, por exemplo, está em estudo a criação de uma “moeda em comum” entre o Brasil e a Argentina, o nosso terceiro maior parceiro comercial.
Em discurso, na última quinta-feira (13), Lula questionou a inexistência de moeda nas transações entre os países do Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, as principais economias emergentes. Para o petista, “tem gente mal-acostumada” com o dólar.
“Por que que um banco como o Brics não pode ter uma moeda que pode financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros países do Brics? É difícil porque tem gente mal-acostumada, porque todo mundo depende de uma única moeda. Eu acho que o século XXI pode mexer com a nossa cabeça e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes”, disse Lula na posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), em Xangai.
“É importante o investimento chinês"
De volta à entrevista de Alckmin à BandNews FM, também ministro da Indústria, Comércio e Serviços, o presidente em exercício defendeu a parceria sino-brasilira para a venda de matéria-prima para a Ásia e atração chinesa de investimentos para o Brasil. O pessebista acredita que a tecnologia da China é importante para o que ele chamou de “nova industrialização”.
É importante o investimento chinês. Nós queremos que venha infraestrutura logística, indústria, agregação de valor. Há uma expectativa de que haja uma compra importante de aviões da Embraer pela China. É um ganha-ganha. É bom para a população dos dois países