O equipamento utilizado para fazer testes de HIV do laboratório PCS, investigado por fraudes em laudos que possibilitaram o transplante de órgãos contaminados com o vírus, estava estabilizado por um papelão. O equipamento foi apreendido neste domingo (20), pela Polícia Civil, durante a segunda fase da Operação Verum.
A informação consta no relatório da Vigilância Sanitária Estadual, que realizou uma fiscalização na sala do PCS LAB Saleme no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, na Zona Sul do Rio.
No domingo (20), oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Entre eles, a ordem judicial para recolher o equipamento COBAS, que vai ser analisado na Cidade da Polícia, na Zona Norte, para onde ele foi levado.
A análise dos testes de HIV era feita no Instituto de Cardiologia. Na fiscalização do dia 4 de outubro, os fiscais encontraram 39 irregularidades. Além da estabilização por papelão, o COBAS também estava sem documentos de manutenção. A etiqueta de manutenção preventiva era de junho de 2024.
A Vigilância Sanitária Estadual também constatou que a temperatura do espaço poderia prejudicar o funcionamento do COBAS. O equipamento de ar-condicionado estava em "péssimo estado", segundo os fiscais.
Entenda o caso
Diversos órgãos investigam a contaminação de seis pacientes que receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro e foram infectados com HIV. A informação foi revelada com exclusividade pelo diretor-geral de conteúdo do Grupo Bandeirantes de Comunicação e âncora da BandNews FM, Rodolfo Schneider. De acordo com técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os exames de sangue feitos nos doadores apresentaram um falso negativo.
Todos os testes foram realizados na empresa PCS laboratórios, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O grupo foi contratado emergencialmente pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro em dezembro do ano passado.
A situação foi descoberta no último dia 10 de outubro, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para HIV positivo; ele não tinha o vírus antes do transplante. Amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos foram confirmados.