Vizinhos da CSN, moradores de Volta Redonda percebem piora na qualidade do ar

Fotos enviadas à reportagem da BandNews FM mostram a poeira em grande quantidade no guarda corpo das varandas e, até mesmo, nos móveis

Por Mariana Albuquerque

Moradores de Volta Redonda, município no Sul do Rio de Janeiro, percebem uma piora na qualidade do ar e no aumento da poeira que sai da Companhia Siderúrgica Nacional e chega até a casa das pessoas.  

Fotos enviadas à reportagem da BandNews FM mostram a poeira em grande quantidade no guarda corpo das varandas e, até mesmo, nos móveis.  

Um casal de moradores que preferiu não ser identificado está há mais de 15 dias com crises alergicas e dificuldade ao respirar. Os dois moram a 2 quilômetros da CSN e contam que, apesar de ser uma antiga realidade, perceberam uma piora no cenário. De acordo com a esposa, ainda que com portas e janelas fechadas, a casa fica suja com frequência.

Tem 15 dias que eu tô gripada, resfriada, e com uma crise de asma que não passa, apesar de vários medicamentos. Agora, meu marido também está com o mesmo problema, problema respiratório. Porque, dentro de casa, a poeira se instala em tudo quanto é lugar, mesmo com as portas fechadas.

Procurada, a CSN informou que já está investindo em equipamentos para controle e redução das emissões atmosféricas, especialmente do material particulado, a poeira. A medida foi autorizada e está em andamento dentro dos prazos previstos, ainda segundo a Companhia. Sobre a situação recente dos moradores, a Siderúrgica disse que a qualidade do ar se manteve dentro dos padrões estabelecidos em todas as estações de monitoramento. Outra moradora, porém, diz que tem dificuldade de respirar, por causa da situação.

Esse cenário tem piorado nos últimos anos. Isso é péssimo para toda a cidade e contribui muito para as doenças respiratórias. Eu, como portadora de asma, sofro muito com isso. Vamos lembrar das doenças que matam, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, e que é causada por poluição ambiental.

Recentemente, o vereador em Volta Redonda, Raone Ferreira, criticou o fato de a cidade não estar inclusa no programa MonitorAR, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, que monitora os principais municípios do país que têm problemas com poluição. As estações de fiscalização na cidade estão sob responsabilidade da CSN e quem faria essa inclusão ao programa federal seria o Instituto Estadual do Ambiente. Para Raone, o mais eficaz seria Volta Redonda fazer parte do programa ministerial.

Hoje, no município, as estações de monitoramento, todas, relatam que a qualidade do ar é boa ou muito boa. Essa não é a realidade. A gente enviou essa demanda para o Ministério do Meio Ambiente e temos acompanhado, para que as soluções sejam encontradas.

Procurado, o INEA disse que publica diariamente o Boletim de Qualidade do Ar no portal, que inclui três estações na cidade de Volta Redonda. Ele ainda informou que está em tratativas com o Ministério do Meio Ambiente para disponibilizar os dados no site do órgão.

Em 2018, a Siderúrgica assinou um Termo de Ajustamento de Conduta com a Justiça e tem até o fim de 2024 para concluir as mudanças impostas para reduzir a poluição.  

Enquanto isso, a Prefeitura de Volta Redonda alegou que fez e vai tornar frequente as vistorias na CSN. Ela disse que pediu a antecipação do cumprimento de alguns dos itens do Termo.

Segundo o município, os pátios ou as áreas abertas, que acumulam partículas no chão, já estão passando por processo de limpeza e umidificação. Toda vez que venta ou há inversão térmica, a poeira se espelha pela cidade. A Prefeitura também afirmou que os filtros de sinterização, que reduzem o pó preto, estão em fase de construção.

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