Vítimas de transplantes com HIV no Rio serão ouvidas em audiência nesta segunda-feira

Além disso, três testemunhas de acusação e 17 pessoas intimadas pela defesa também devem prestar depoimento

Por João Boueri

Vítimas de transplantes com HIV no Rio serão ouvidas em audiência nesta segunda-feira
Laboratório PCS
Divulgação

Ao menos três pacientes que passaram a conviver com HIV após o escândalo dos transplantes de órgãos infectados com o vírus no Rio de Janeiro vão ser ouvidos durante a segunda audiência de instrução e julgamento do caso durante a tarde desta segunda-feira (14). Além disso, três testemunhas de acusação e 17 pessoas intimadas pela defesa também devem prestar depoimento.

Na primeira audiência, foram ouvidas três vítimas e oito testemunhas de acusação, entre elas alguns funcionários do laboratório PCS Saleme. A maioria voltou a confirmar mudanças no controle de qualidade da máquina responsável pelos testes de órgãos transplantados. A alteração teria sido determinada pela coordenação da empresa.  

Na época, a função era ocupada por Adriana Vargas, que responde em liberdade, assim como os sócios Walter e Matheus Vieira e os funcionários Cleber Oliveira, Jacqueline Iris Bacellar de Assis e Ivanilson Fernandes dos Santos. Eles chegaram a ser presos de forma preventiva no ano passado, mas os mandados de prisão foram revogados pela Justiça.  

Para o Ministério Público, a diretoria do laboratório negligenciou o controle de qualidade, para economizar recursos financeiros. Os investigadores também apuraram possível falsificação de documentos.

Uma funcionária ouvida durante a primeira audiência relatou que alguns profissionais assinaram folhas em branco para que fossem feitas assinaturas digitais. Ainda de acordo com a funcionária, um dos sócios do laboratório, Walter Vieira, costumava verificar e assinar de forma remota laudos produzidos por técnicos.

Ainda de acordo com um funcionário, Matheus Vieira chegou a mexer no equipamento de testes, depois do caso ter sido revelado pela BandNews FM em outubro do ano passado.

Até o final do processo, 28 testemunhas, os seis réus e os seis pacientes infectados devem ser interrogados.

A Fundação Saúde afirma que adotou uma série de medidas para sanar todas as inconformidades identificadas. As defesas de Walter e Matheus Vieira, além de Adriana Vargas, negam as acusações. A reportagem tenta contato com os demais réus.

Em outubro do ano passado, a BandNews FM revelou com exclusividade que dois testes emitidos pelo laboratório PCS Lab Saleme, contratado pelo Governo do Rio, deram falso-negativo para o HIV. Como consequência, seis pessoas transplantadas receberam órgãos contaminados e passaram a conviver com o vírus.

No mesmo dia, as polícias Civil e Federal abriram investigação. O Ministério Público também passou a acompanhar os desdobramentos. 

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