Uerj classifica ocupação de alunos como "sequestro"; atividades são suspensas em campus

Protestos acontem após a universidade anunciar cortes financeiros nas bolsas de assistência

Por João Boueri

Uerj classifica ocupação de alunos como "sequestro"; atividades são suspensas em campus
Alunos ocupam campus da Uerj
Reprodução

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro classificou como "sequestro" a nova ocupação dos estudantes no campus Maracanã, na Zona Norte, o principal da instituição. Em uma nota divulgada nas redes sociais, a Uerj também suspendeu todas as atividades acadêmicas e administrativas do Pavilhão João Lyra Filho.

O movimento estudantil ocupa as salas da reitoria da universidade há três semanas. Na noite de terça-feira (20), parte dos alunos colocou os móveis da instituição nos acessos ao campus. Uma sindicância já tinha sido aberta pela UERJ para manter a universidade em funcionamento.  

Desde o início do mês, a Reitoria vem sendo criticada pelos estudantes, principalmente após a universidade anunciar cortes financeiros nas bolsas de assistência. A mudança passou a valer neste mês. No final de julho, salas chegaram a ser depredadas e paredes pichadas pelos estudantes.  

A nova determinação reduz o auxílio para alunos com renda familiar bruta de até meio salário mínimo. Até julho, a bolsa era concedida para quem recebia até um salário mínimo e meio.

No início do mês, o Ministério Público pediu informações à Uerj sobre a mudança na política de assistência estudantil. A universidade respondeu também na terça-feira (20). A instituição afirma que o orçamento destinado à assistência é suficiente para atender apenas os pagamentos referentes aos estudantes cotistas e que as bolsas e auxílios criados e modificados por meio de atos executivos estão condicionados à disponibilidade de recursos financeiros.  

A Uerj menciona também que 92% dos estudantes se inscreveram em disciplinas entre os dias 26 de julho e 2 de agosto, o mesmo porcentual de alunos matriculados no mesmo período de 2023. A universidade concluiu que não houve evasão. A reportagem da BandNews FM conversou com os estudantes. Para eles, se inscrever em matérias não significa que a nova política da Uerj será aceita.  

Ainda na terça-feira (20), a reunião do Conselho Universitário da Uerj terminou em confusão. A sessão foi encerrada devido a falta de segurança para a continuação do encontro. Um conselheiro e um membro da equipe da Reitoria foram agredidos, segundo a instituição. Os dois registraram o caso na Polícia Civil. Além disso, um estudante de pedagogia afirma ter sido agredido.

De acordo com a Uerj, os manifestantes invadiram o plenário para impedir a saída dos conselheiros. Segundo os estudantes, a reunião teria sido suspensa no momento da votação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDA) 38/2024, que definiu novas regras de concessão de bolsas de assistência.  

A Reitoria se reuniu no mesmo dia com representantes do Diretório Central dos Estudantes e dos Centros Acadêmicos das Unidades. Uma proposta para encerrar a crise foi apresentada pela universidade acolhendo parte das reivindicações estudantis. Ainda não há acordo sobre o impasse.

É a segunda vez que a Uerj suspende as atividades no campus Maracanã por questões de segurança. Na semana passada, os estudantes chegaram a fechar parcialmente a Rua São Francisco Xavier para uma manifestação.

Em nota, a Uerj disse que é " inaceitável e descabido o sequestro de um prédio público, com claros e imediatos prejuízos à toda comunidade acadêmica".

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