O número de vezes em que escolas estaduais do Rio precisaram fechar as portas devido à violência quase dobrou no ano passado na comparação com 2022. As unidades tiveram que suspender as aulas em 158 ocasiões, enquanto no ano anterior as atividades foram paralisadas 82 vezes.
Os dados foram obtidos pela BandNews FM por meio da Lei de Acesso à Informação e mostram que, em média, cerca de três colégios por semana interromperam o funcionamento por questões de segurança em 2023.
As duas unidades mais afetadas pelos confrontos armados ficam no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio: o Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, com 13 fechamentos, e o CIEP Professor César Pernetta, com 11. A terceira posição é ocupada pelo CIEP Rubem Braga, em Senador Camará, na Zona Oeste, que fechou as portas oito vezes no ano passado.
Um professor de uma escola da Maré, que teve a identidade preservada, relata a rotina de tensão. Ele ressalta os prejuízos no ensino e conta que muitos professores que vão para os colégios da região pedem para mudar de unidade ou até mesmo são afastados por não aguentarem o convívio com a violência.
Ao todo, 55.464 estudantes da rede estadual de ensino ficaram sem aulas pelo menos um dia devido aos tiroteios, o equivalente a 8% de todos os alunos matriculados.
Yvonne Bezerra de Mello é fundadora e presidente do Projeto Uerê, que há 25 anos trabalha com crianças e jovens do Complexo da Maré que sofreram algum tipo de trauma ou dificuldade de aprendizagem devido à violência. Ela conta que os tiroteios afetam principalmente as crianças mais novas, mas as consequências são sentidas pelo resto da vida.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação ressaltou que, quando os 200 dias letivos não são cumpridos por qualquer motivo, a unidade escolar repõe as aulas perdidas em outras datas não previstas como letivas, como sábados ou dias de recesso.
A pasta também afirma que disponibiliza um manual com orientações de prevenção às diversas formas de violência e que a direção das escolas têm autonomia para tomar as providências necessárias para garantir a integridade física dos alunos, professores e funcionários.