'Tragédia' não é o termo adequado para temporais de Angra e Petrópolis

Especialistas dizem que 'tragédia' não pode ser associada a eventos que não poderiam ser evitados

Carlos Briggs

Petrópolis sofreu com temporais em sequência que devastaram a cidade Tomaz Silva/Agência Brasil
Petrópolis sofreu com temporais em sequência que devastaram a cidade
Tomaz Silva/Agência Brasil

Especialistas apontam que o termo tragédia não deveria ser usado para o temporal de Angra dos Reis, nem para Petrópolis, já que não pode ser associado a coisas que não poderiam ser evitadas.

Quase a metade da população de Angra dos Reis vive em área de risco. São pontos com possibilidades de deslizamentos ou inundações iminentes. A afirmação é do professor, pesquisador e coordenador pela Universidade Federal Fluminense do Grupo de Estudos em Desastres Sócio Naturais, Anderson Sato.

Cerca de 70 mil pessoas vivem em áreas vulneráveis em Angra dos Reis. A conclusão da pesquisa cruzou dados do último censo do IBGE sobre o tema, em 2010, com informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.  

No último temporal que castigou a cidade, na região da Costa Verde Fluminense foram localizados quase todos os mortos no Estado.

Para os especialistas é preciso não cair no erro, induzido por políticos, de que a chuva além do volume esperado é a maior vilã para as tragédias que tem castigado o interior do Rio. Para o professor Titular do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, Elson Nascimento, compreender que as chuvas fortes obedecem ciclos de tempo é tratar o assunto dentro de acontecimentos naturais. Já as tragédias precisam ser entendidas como uma equação da omissão do poder público e o uso desordenado do solo.

Para especialistas as soluções não são mágicas, mas devem obedecer a um planejamento escalonado. As ações devem passar pelas necessidade emergenciais, que vão desde a instalação de sirenes, o treinamento da população em vulnerabilidade, a instalação de abrigos em áreas seguras e as rotas de escapes bem sinalizadas e de fácil acesso. São necessárias ainda, de acordo com os especialistas, a construção de imóveis fora das regiões de risco e a manutenção dessas áreas vulneráveis, como reflorestamentos e dragagens de rios.

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