Trabalhar fora das grandes plataformas gera maior rentabilidade, revela IBGE

Segundo informações do órgão, em 2022, o Brasil tinha 1,5 milhão de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços

Por João Videira (sob supervisão)

A pesquisa ainda destaca que os trabalhadores de plataformas possuem renda mais próxima do
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Trabalhadores por aplicativos recebem menos por hora e trabalham mais horas por semanas do que aqueles que atuam fora das grandes plataformas. Eles ganham, em média, dois salários mínimos e têm jornadas acima de 40 horas semanais.  

Segundo informações do IBGE, em 2022, o Brasil tinha 1,5 milhão de pessoas que trabalhavam por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços. O número representa 1,7% da população ocupada no setor privado, que chegava a 87,2 milhões, no período.

O estudo traça o perfil comum dos "plataformizados": homem, com idade média entre 25 e 39 anos e morador da região Sudeste. No recorte por tipo de aplicativo, 2,2% (778 mil) exerciam o trabalho principal por meio de apps de transporte de passageiros em ao menos um dos dois tipos listados.

Já 39,5% (589 mil) eram trabalhadores de aplicativos de entrega de comida, produtos etc., enquanto os trabalhadores de apps de prestação de serviços gerais ou profissionais somavam 13,2% (197 mil).  

Enquanto 44,2% dos ocupados no setor privado estavam na informalidade, entre os trabalhadores "plataformizados" esse percentual era de 70,1%. Aproximadamente 77,1% dos ocupados são trabalhadores por conta própria e 9,3% são empregados do setor privado sem carteira assinada.  

A pesquisa ainda destaca que os trabalhadores de plataformas possuem renda mais próxima do volume de trabalho mensal. No geral, segundo o IBGE, os "plataformizados" têm um rendimento mensal maior, de R$2.645, quando comparado à média salarial das pessoas que trabalham sem utilizar plataformas, de R$2.510. Apesar disso, o grupo tem menor taxa de contribuição previdenciária.

Em comparação ao total de ocupados no setor privado, os trabalhadores de plataformas contavam com menos trabalhadores contribuindo para a previdência (35,7% x 60,8%).

O economista do FGV IBRE, Daniel Duque, a comparação porcentual explica a informalidade:

"Isso explica a maior informalidade. A contribuição previdenciária está muito relacionada à carteira de trabalho, em que a contribuição é obrigatória e automática. Quando a gente passa por um tipo de trabalhador que atua por conta própria, mesmo que tenha CNPJ, a contribuição acaba sendo menos obrigatória. Ela não é automática", defende.  

O instituto ainda destaca que o rendimento médio dos trabalhadores por plataformas digitais com nível superior era menor que o dos ocupados que não trabalham nas plataformas com a mesma escolaridade.

As estatísticas são experimentais, ou seja, estão em fase de teste e sob avaliação porque ainda não atingiram o patamar de metodologia, de acordo com o IBGE.

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