Pelo menos 20 torcedores do Peñarol que foram presos em flagrante, após confusão no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, vão passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (25). 22 pessoas foram presas, segundo a Polícia Civil. Mais de 300 foram detidas, prestaram depoimento e foram liberadas. Elas foram escoltadas para São Paulo. Pelas redes sociais, o governador Claudio Castro chegou a dizer que não toleraria baderna no Rio e que determinou a expulsão dos torcedores do estado.
Enquanto isso, comerciantes e motoristas que foram furtados e agredidos não sabem quando vão conseguir voltar a trabalhar. Nesta quarta (23), os uruguaios, que estavam no Rio de Janeiro para a semifinal da Libertadores contra o Botafogo, deram início a um tumulto e chegaram a queimar um carro e motos de cariocas na orla do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, ponto destinado à concentração dos torcedores.
Os motoristas de um carro e de uma moto queimados e o dono de um quiosque furtado relatam que não sabem como vão recuperar os danos.
A gente luta o ano inteiro para conseguir ter um bem, para ser tirado em uma hora, em dez minutos.Eles quebraram o carro todo, quebraram os vidros todos. É uma coisa horrível que fizeram aqui.
Em faixa de dois e quinhentos, três mil reais, levaram tudo também. Isso não é torcedor, isso para mim é bandido.
A Orla Rio, responsável pelos quiosques do local, disse que entrou em contato diretamente com os operadores para assegurar a reposição imediata de todos os itens furtados e a recuperação dos danos.
Ainda de acordo com os relatos de testemunhas, os torcedores chegaram a chamar brasileiros de macacos. Um uruguaio, Carlos Francisco Sauco, de 59 anos, foi flagrado por uma câmera de segurança furtando sozinho um estabelecimento comercial. O homem e outras 21 pessoas foram presas em flagrante. Um adolescente também foi apreendido. Os presos respondem por crimes como injúria racial, porte ilegal de arma de fogo e lesão corporal.
O guardador de carros Carlos Henrique estava na praia no momento da confusão e teve que se esconder em um restaurante. Ele narra como tudo começou.
Toda hora chegava um ônibus deles, eram mais de 20 ônibus, e eles começaram a tocar um terror já cedo. Enquanto eles estavam gritando, brincando, estava tudo legal. Foi quando eles começaram a beber demais e começaram a distorcer as coisas, começaram a agredir as pessoas na areia. A verdade é que eles estavam botando os policiais pra correr, os guardas municipais correndo. Eles tacando pedra nos carros da Guarda. E polícia não tinha.Ainda de acordo com os relatos de testemunhas, equipes de reforço da Polícia Militar demoraram a chegar no local.
Em nota, a Guarda Municipal disse que a responsabilidade pelo controle de multidões e de torcedores é da Polícia Militar e que a corporação cumpriu o papel de atuar em apoio às Forças de Segurança do Estado, estava monitorando outros ônibus de torcedores do Peñarol, interceptou seis veículos e os direcionou para o Parque dos Atletas, impedindo que chegassem à orla.
Procurado sobre a atuação do Recreio Presente, o Governo disse que o Programa Segurança Presente realiza um policiamento de proximidade, sem o uso de equipamentos não letais, como cacetetes, gás de pimenta, lacrimogêneo, balas de borracha e armas de choque. Por isso, os agentes não atuaram na área do conflito, mas nas imediações, prevenindo a ocorrência de outros crimes.
Após a confusão, brasileiros que estavam na orla colocaram fogo em um ônibus dos torcedores do Peñarol. Não há informações de feridos. Um carioca foi flagrado apontando uma arma para um uruguaio no meio da confusão. Em nota, a Polícia Militar disse que o homem não foi identificado pelas equipes policiais que atuaram no local.
Também em nota, a PM disse que conduziu mais de 200 pessoas para a Cidade da Polícia e que, diante da gravidade da situação, agentes do Rondas Especiais e Controle de Multidão e do Batalhão de Choque foram acionados.
A reportagem da BandNews FM tenta contato com o Consulado do Uruguai.