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Tiroteios em áreas de tráfico no Rio superam em 10 Vezes as zonas de milícia

Número foi apresentado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF e do Instituto Fogo Cruzado

Por Daniel Henrique

Tiroteios em áreas de tráfico no Rio superam em 10 Vezes as zonas de milícia
Fernando Frazão/Agência Brasil

O número de tiroteios durante operações policiais no Rio é dez vezes maior em áreas dominadas pelo tráfico de drogas se comparado a locais de milícia. 40,2% dos confrontos com a presença da polícia acontecem em área de tráfico, enquanto 4,3%, em área de milícia.

As informações são a pesquisa Grande Rio sob disputa: mapeamento dos confrontos por território, do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF e do Instituto Fogo Cruzado.

O estudo também analisou a frequência de conflitos armados. De 2017 a 2022, foram mapeados mais de 38.200 episódios de confronto na Região Metropolitana do Rio, uma média de 17 por dia.

Apesar da alta frequência, os tiroteios afetam menos da metade dos bairros. Em relação a intensidade, apenas 3,7% dos bairros da Região Metropolitana analisados apresentaram confrontos intensos e regulares. Segundo o sociólogo Daniel Hirata, o dado aponta para problemas de violência crônica em locais específicos.

Aquelas áreas que têm confrontos frequentes, intensos e regulares, são aquelas que correspondem a menos de 4% das localidades do Rio de Janeiro e, portanto, poderiam ser alvo de políticas focalizadas, dirigidas, com vista em diminuir esses conflitos que impactam bastante a vida das pessoas que moram nesses lugares. Tanto em termo das perdas de vidas, como também na interrupção de suas rotinas. Fechamento de escolas, unidades de saúde, o que não é compatível com o policiamento democrático funcionando nos marcos do estado democrático de direito, diz o sociólogo.

O estudo aponta ainda que o Comando Vermelho, principal facção criminosa no Estado, é a que mais ganha e perde territórios a partir de confrontos armados.  

Apesar dos confrontos por áreas, o professor de sociologia e coordenador do estudo, Daniel Hirata, aponta que a expansão destes grupos criminosos se dá a partir de locais ainda não dominados.

A maior parte da expansão, tanto das facções do tráfico de drogas quanto da milícia, se faz, sobretudo, por meio do que nós estamos chamando de colonização. Ou seja, o controle de áreas anteriormente não dominadas. Os confrontos não são o principal mecanismo de expansão, portanto, dos grupos armados, afirma o professor.

Entre 2017 e 2023, cerca de 53% dos territórios conquistados pelo Comando Vermelho estavam sob domínio das milícias. Em compensação, entre os territórios conquistados pelos milicianos no período, 78,5% eram do Comando Vermelho. Pouco mais da metade dos territórios conquistados pelo Terceiro Comando Puro também eram do CV.

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