A tia da menina de três anos que morreu após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal afirma que um dos agentes pediu para ela ficar quieta no caminho até o hospital. Rayra Fernanda dos Santos estava dentro do carro que foi atingido pelos tiros.
Heloísa dos Santos Silva foi baleada quando a família passava pelo Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, e chegou a ficar nove dias internada.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, Rayra Fernanda disse que entrou em desespero após o ocorrido e que o agente que estava dirigindo o veículo da PRF até a unidade de saúde reclamou que ela estava atrapalhando.
Rayra Fernanda ainda contou que 28 policiais estiveram no hospital na noite do ocorrido e que os agentes chegaram a pedir para retirar materiais de dentro do carro da família. Rayra afirmou que eles demonstravam muita preocupação com o veículo, pediram os documentos e usavam até lanternas para averiguar o que havia dentro.
Quando Heloísa estava sendo atendida, um policial teria chamado Rayra para mostrar um projétil que acertou o carro da família. Na conversa, ele ainda teria pedido para a tia ir até a viatura da PRF para verificar se ela também não havia sido atingida, o que ela negou e reforçou que apenas os policiais atiraram.
Também em depoimento ao MPF, o pai da menina, Willian Silva, contou que os policiais se surpreenderam ao descobrir que havia uma família no veículo.
Segundo Willian, os policiais ainda insinuaram à família que os tiros teriam sido disparados por outras pessoas e que a viatura também teria sido atingida.
Na terça-feira (19), a mãe de Heloísa também prestou depoimento ao MPF
Em nota, a PRF afirmou que não há marca de tiro na viatura e ressaltou que o agente envolvido na ocorrência disse ter ouvido algo semelhante a um tiro antes de disparar contra o carro da família. A corporação afirmou que enviou viaturas ao hospital para dar apoio aos policiais e que eventuais condutas individuais serão investigadas.
Os três policiais envolvidos na abordagem seguem afastados das funções. Na segunda-feira (18), a Justiça Federal negou a prisão deles. Na decisão, o juiz Ian Legay Vermelho alegou que não há indícios de que os agentes estejam interferindo nas investigações e não há informações sobre desvios, excessos ou ilegalidades anteriores.