A taxa de analfabetismo recuou de 2019 para 2022 e atingiu a menor taxa da série histórica, iniciada em 2016. O analfabetismo, porém, continua alto entre idosos, pretos e pardos no Nordeste, que tem a taxa mais alta entre as regiões do país. O número é quatro vezes maior em comparação a região Sudeste, por exemplo.
As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Educação, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (07). Dos 9 milhões e 600 mil brasileiros que não sabiam ler e escrever, mais de 55% viviam no Nordeste.
A região Sudeste tem a taxa mais baixa, especialmente no grupo de idosos.
A pesquisa também mostra que, em 2022, a taxa de analfabetismo de pretos e pardos foi duas vezes maior que a dos brancos.
No grupo de 15 anos ou mais, 7,4% eram analfabetas, enquanto 3,4% brancas. No grupo de 60 anos ou mais, o porcentual entre brancos era de 9,3% e, de pretos ou pardos, chegou a 23,3%.
Apesar de haver programas e políticas públicas desenvolvidos com foco na educação, a desigualdade regional e racial ainda é alta, ao ponto de refletir na taxa de escolarização. É a avaliação do diretor do FGV Social, professor Marcelo Neri.
Outro dado que chamou a atenção dos especialistas foi a queda de 1,2 ponto porcentual na taxa de escolarização de crianças de 4 a 5 anos, entre os anos de 2019 e 2021. De acordo com o doutor em Educação William Mello, a pandemia afetou diretamente na queda, até mesmo no fechamento de escolas.
Entre pessoas de 15 anos ou mais, o porcentual de analfabetismo caiu de 6,1% para 5,6%. A redução foi de pouco mais de 490 mil analfabetos.
Segundo a PNAD Educação, o abandono escolar teve crescimento entre os jovens a partir de 15 anos. Quando perguntado sobre o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado, a resposta prioritária foi a necessidade de trabalhar. A falta de interesse vem em seguida.
Por outro lado, a taxa de frequência escolar de jovens de 15 a 17 anos cresceu de 2019 para 2022, ficando pela primeira vez acima dos 90% na série histórica. Os especialistas, porém, temem que essa alta tenha sido em decorrência às aprovações automáticas nas escolas, no período da pandemia, especialmente por causa das provas em modelo remoto.
Essa é a primeira divulgação da pesquisa após a pandemia. Em 2020 e 2021 ela foi suspensa.