A taxa de adolescentes brasileiros que faltaram aula por questões de segurança dobrou em 10 anos. É o que aponta a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar do IBGE, que analisa dados dos alunos do 9º ano do ensino fundamental. O estudo compara as informações das pesquisas de 2009, 2012, 2015 e 2019.
Em 2009, 8,6% dos estudantes perderam pelo menos um dia de aula por não se sentirem seguros no trajeto ou na escola. Em 2019, esse índice foi de 17,3%.
A diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, Claudia Costin afirma que uma das medidas que devem ser tomadas para evitar a insegurança é acabar com aulas durante a noite para adolescentes.
O estudo também mostrou que cresceu o porcentual de adolescentes meninas com vida sexual iniciada no 9º ano do Ensino Fundamental. Entre 2009 e 2019, a taxa saiu de 16,9% para 22,6%.
Por outro lado, a proporção de meninos neste mesmo período escolar que já haviam tido alguma relação sexual diminuiu. Entre eles, o índice caiu de 40,2% para 34,6%.
No entanto, um outro dado preocupa: nos dois casos, houve queda no uso de preservativos. Em 10 anos, a proporção de estudantes que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%.
Segundo Claudia Costin, os jovens devem receber educação sexual das escolas e dos responsáveis para evitar infecções sexualmente transmissíveis, gestações indesejadas e violência sexual.
A pesquisa mostrou que, no período, a proporção de estudantes que foram agredidos em casa também cresceu. Em 2009, 9,4% dos estudantes disseram ter sofrido agressões de um adulto da família. Em 2019, 27,5% dos estudantes sofreram agressão do responsável e 16,3% foram agredidos por outras pessoas. 14,6% dos entrevistados afirmaram ter sofrido algum tipo de violência sexual, 5,6% com relação sexual forçada.
Já a exposição ao uso de drogas cresceu de 8,2%, em 2009, para 12,1% em 2019. E a experimentação de bebida alcóolica, de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019.
Os adolescentes também sofrem com a falta de estrutura. Na rede pública, menos de dois terços dos estudantes têm a infraestrutura para lavar as mãos nas escolas.
Apesar disso, o estudo trouxe dados positivos. A quantidade de estudantes com acesso à internet em casa aumentou 76,8% em 10 anos e a proporção de alunos com mães com ensino fundamental incompleto caiu 48%.