Taxa de adolescentes que faltaram aula por falta de segurança dobra em 10 anos

É o que aponta a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar do IBGE, que analisa dados dos alunos do 9º ano do ensino fundamental

Gabriela Morgado

Número de estudantes que deixam de frequentar as aulas aumentou Tânia Rêgo/Agência Brasil
Número de estudantes que deixam de frequentar as aulas aumentou
Tânia Rêgo/Agência Brasil

A taxa de adolescentes brasileiros que faltaram aula por questões de segurança dobrou em 10 anos. É o que aponta a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar do IBGE, que analisa dados dos alunos do 9º ano do ensino fundamental. O estudo compara as informações das pesquisas de 2009, 2012, 2015 e 2019.

Em 2009, 8,6% dos estudantes perderam pelo menos um dia de aula por não se sentirem seguros no trajeto ou na escola. Em 2019, esse índice foi de 17,3%.

A diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, Claudia Costin afirma que uma das medidas que devem ser tomadas para evitar a insegurança é acabar com aulas durante a noite para adolescentes.

O estudo também mostrou que cresceu o porcentual de adolescentes meninas com vida sexual iniciada no 9º ano do Ensino Fundamental. Entre 2009 e 2019, a taxa saiu de 16,9% para 22,6%.

Por outro lado, a proporção de meninos neste mesmo período escolar que já haviam tido alguma relação sexual diminuiu. Entre eles, o índice caiu de 40,2% para 34,6%.

No entanto, um outro dado preocupa: nos dois casos, houve queda no uso de preservativos. Em 10 anos, a proporção de estudantes que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%.

Segundo Claudia Costin, os jovens devem receber educação sexual das escolas e dos responsáveis para evitar infecções sexualmente transmissíveis, gestações indesejadas e violência sexual.

A pesquisa mostrou que, no período, a proporção de estudantes que foram agredidos em casa também cresceu. Em 2009, 9,4% dos estudantes disseram ter sofrido agressões de um adulto da família. Em 2019, 27,5% dos estudantes sofreram agressão do responsável e 16,3% foram agredidos por outras pessoas. 14,6% dos entrevistados afirmaram ter sofrido algum tipo de violência sexual, 5,6% com relação sexual forçada.

Já a exposição ao uso de drogas cresceu de 8,2%, em 2009, para 12,1% em 2019. E a experimentação de bebida alcóolica, de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019.

Os adolescentes também sofrem com a falta de estrutura. Na rede pública, menos de dois terços dos estudantes têm a infraestrutura para lavar as mãos nas escolas.

Apesar disso, o estudo trouxe dados positivos. A quantidade de estudantes com acesso à internet em casa aumentou 76,8% em 10 anos e a proporção de alunos com mães com ensino fundamental incompleto caiu 48%.

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