A Polícia Civil indiciou os sócios e funcionários do PCS Saleme pelos crimes de lesão corporal gravíssima por enfermidade incurável, associação criminosa, falsidade ideológica e por induzir consumidor a erro. A Delegacia do Consumidor concluiu o inquérito que investigou a contaminação por HIV em transplantes de órgãos após laudos emitidos pelo laboratório.
Além da instituição, o Ministério Público também pediu, nesta terça-feira (22), a prisão preventiva dos envolvidos, entre eles, o sócio da empresa Matheus Vieira, único dos seis denunciados que não foi preso durante operações da Polícia Civil. Matheus é filho de Walter Vieira, sócio-proprietário do PCS Saleme, e primo do ex-secretário de Saúde Doutor Luizinho.
A promotora Elisa Ramos Pittaro Neves argumentou que os citados demonstraram periculosidade, que gera a desconfiança que, em liberdade, eles podem obstruir a instrução criminal. No texto, ela também cita que os denunciados tinham conhecimento que os pacientes que recebem órgãos recebem imunossupressores para evitar rejeição, e que qualquer doença em um organismo já fragilizado, principalmente HIV, seria devastadora.
A funcionária Jacqueline Iris Bacellar ainda responde por falsificação de documento particular, por ter apresentado, segundo as investigações, um diploma falso. É o nome dela que aparece assinado um dos laudos que apresentava o resultado falso negativo para um dos doadores de órgãos infectados. A assinatura, no entanto, era acompanhada do registro de uma outra pessoa que nunca trabalhou no Rio de Janeiro.
De acordo com a Polícia Civil, com o envio do relatório ao MPRJ, a Delegacia do Consumidor segue investigando outro procedimento, que apura o processo de contratação da empresa. Esse trabalho policial conta com apoio do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.
A reportagem da BandNews FM tenta contato com as defesas dos citados.
Entenda o caso
Diversos órgãos investigam a contaminação de seis pacientes que receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro e foram infectados com HIV. A informação foi revelada com exclusividade pelo diretor-geral de conteúdo do Grupo Bandeirantes de Comunicação e âncora da BandNews FM, Rodolfo Schneider. De acordo com técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os exames de sangue feitos nos doadores apresentaram um falso negativo.
Todos os testes foram realizados na empresa PCS laboratórios, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O grupo foi contratado emergencialmente pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro em dezembro do ano passado.
A situação foi descoberta no último dia 10 de outubro, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para HIV positivo; ele não tinha o vírus antes do transplante. Amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos foram confirmados.
