Sistema Imunana-Laranjal foi o que menos recebeu investimento da Cedae em 2023

Na comparação entre os montantes injetados nos parques de produção de água da companhia, o Laranjal só levou R$ 120 milhões em investimento

Por João Videira (sob supervisão)

Sistema Imuna Laranjal
Reprodução

A Polícia Civil e o Instituto Estadual do Ambiente investigam se a substância que provocou a interrupção do abastecimento de água na Região Metropolitana do Rio vazou de um oleoduto da Petrobras. Segundo o secretário de Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, vestígios de Tolueno, um derivado do petróleo, foram encontrandos próximo à tubulação do Sistema Imunana-Laranjal.

A declaração foi dada nesta quinta-feira (4), durante coletiva, um dia após o anúncio da Cedae sobre a paralisação no sistema, após a identificação do produto químico.

O Ministério Público do Rio cobrou informações da Cedae sobre as medidas adotadas diante da presença de substância tóxica no Sistema Imunana-Laranjal.

O tolueno foi encontrado em um canal artificial que desagua no Rio Guapiaçu, na Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, na Baixada Fluminense. O presidente da Cedae, Agnaldo Ballon, explicou que foram construídas barreiras para interromper o vazamento da substância.

A previsão é de que o abastecimento seja retomado até o fim desta quinta-feira (4). Segundo a companhia, a captação só será retomada quando a água estiver totalmente adequada para consumo humano. Cerca de 2 milhões de pessoas podem ser afetadas pela paralisação do Sistema Imunana-Laranjal.

O sistema abastece Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, os distritos de Inoã e Itaipuaçu, em Maricá, e a Ilha de Paquetá, na cidade do Rio de Janeiro.

O tolueno é uma substância química utilizada como mistura na gasolina, solvente em tintas, revestimentos e resinas e ainda na fabricação de borracha. Ela é a responsável, por exemplo, pelo cheiro forte da chamada cola de sapateiro. O composto é considerado tóxico e pode afetar especialmente o sistema nervoso. 

Em uma nota conjunta, a Cedae e o Inea garantiram que não há risco de a substância chegar às residências.

O consultor ambiental Luiz Renato Vergara destaca que o sistema não tem capacidade de tratar uma substância como o tolueno e ressalta a importância de se reforçar a fiscalização das indústrias próximas às bacias de abastecimento.

Moradores relatam falta d'água em alguns pontos desde a manhã de quarta-feira (3). ((É o caso do ouvinte Henrique Renso Neto, que mora no bairro de Piratininga, na Região Oceânica de Niterói.))

Em São Gonçalo, o bairro Jardim Catarina, que é vizinho à Estação de Tratamento do Laranjal, está sem água desde o início da tarde de quarta. A Secretaria de Educação da Prefeitura de São Gonçalo chegou a suspender as aulas da rede municipal a partir desta sexta-feira (5), por causa da falta d'água.

A Cedae afirmou que acionou o Instituto Estadual do Ambiente e que uma equipe de emergência foi ao local para tentar identificar a origem do poluente. 

Um vídeo feito pelos agentes mostra uma extensa mancha escura na bacia do Rio Guapiaçu, em Magé, na Região Metropolitana. A contaminação chegou a provocar uma grande mortandade de peixes.

A Águas de Niterói disse que está monitorando a situação e está abastecendo locais que prestam serviços essenciais com carros-pipa.

Já a concessionária Águas do Rio, responsável pelo fornecimento nos demais municípios afetados, afirmou que oferece caminhões-pipa e balsas-tanque abastecidos por outros mananciais para atender serviços essenciais, como hospitais e escolas.

Em agosto do ano passado, a Estação de Tratamento do Guandu, na Baixada Fluminense, foi paralisada por mais de 13 horas devido à presença de outro poluente. A empresa acusada de despejar a substância chegou a ser multada em quase R$ 11 milhões pelo Inea, mas a infração foi cancelada, porque a fábrica já havia sido multada pela Prefeitura de Queimados em R$ 1 milhão. A Burn Indústria e Comércio ainda responde a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público, que pediu a condenação por danos materiais e morais causados à população e ao meio ambiente.

A Petrobras afirmou ao Estado que não usa o oleoduto para transporte de materiais.

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