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Sistema de reconhecimento facial avança em estádios brasileiros; veja levantamento

A pesquisa exclusiva mostra que pelo menos nove estádios da Série A já contam com a tecnologia

Por Guilherme Faria (sob supervisão)

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Fabio Menotti/Palmeiras

Todos os vinte clubes da Série A do Campeonato Brasileiro já utilizam ou estudam a implementação do sistema de reconhecimento facial em seus estádios. Um levantamento feito pela reportagem da BandNews FM mostra que em pelo menos nove estádios o sistema já está em funcionamento. 

Além de facilitar o acesso às arenas, o uso da biometria facial aumenta a segurança dos torcedores. Em São Paulo, 116 procurados pela Justiça foram presos com o auxílio do sistema, que funciona desde junho de 2023 no Allianz Parque, estádio do Palmeiras. 

O reconhecimento facial também permitiu a localização de 130 pessoas que estavam desaparecidas. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. 

O coordenador de tecnologia da informação da pasta, major Eduardo Fernandes, explica que a tecnologia facilitou o trabalho dos agentes de segurança durante os eventos:

Temos um modelo paulista que usa a tecnologia que consegue criar o que nós chamamos de indicativos de abordagens. Então, antigamente a polícia não conseguia ter essa informação na palma da mão, que é como hoje chega, dizendo 'Olha, aborda aquela pessoa ali, porque aquela pessoa está em uma situação de procurado ou desaparecido'. Então eu consigo otimizar o recurso que nós temos em mãos, e antigamente a gente não tinha à disposição.

O uso do reconhecimento facial para acesso aos estádios também dificultou a atuação de cambistas nos jogos. 

A empresa de tecnologia Bepass é responsável pelo sistema utilizado em diferentes estádios, incluindo o Allianz Parque e o Maracanã. O CEO e fundador da empresa, Ricardo Cadar, destaca que o uso da biometria ajuda a combater o cambismo.

Uma das coisas que a gente combate de cara é a questão do cambismo, porque o ingresso por QR Code, seja ele físico ou mesmo eletrônico, eu consigo comprar no meu nome e, se eu não for ao jogo, eu passo para alguém que vai no meu lugar. No caso do reconhecimento facial, como eu estou cadastrando a minha face, ela passa a ser meu ingresso, e é impossível eu passar a minha face para alguém.

Publicada em junho do ano passado, a Lei Geral do Esporte estabeleceu um prazo de dois anos para que arenas esportivas com capacidade para mais de 20.000 pessoas passem a contar com o sistema de identificação biométrica. 

No Maracanã, o Flamengo já conta com a tecnologia em todos os setores. O estudante Gabriel Ribeiro tem um irmão gêmeo e conta que, na primeira vez em que foi ao estádio após a implementação do reconhecimento facial, ficou com receio de que a tecnologia não conseguisse diferenciá-los:

Eu que sou gêmeo sempre tive dúvida sobre como iria funcionar, se ia dar certo ou não, se daria algum tipo de interferência ou seria difícil (o reconhecimento), mas aí surgiu a primeira oportunidade de ir ao Maracanã em um jogo com biometria, foi no Flamengo e Bolívar, pela Libertadores. Eu fui com meu irmão, no mesmo setor. A gente pensou 'será que vai dar algum tipo de interferência, algum tipo de erro?' Mas quando a gente chegou lá, deu tudo certo. E a torcida do Flamengo sempre reclamava que precisava ter o ingresso impresso, então agora foi mais tranquilo de entrar no estádio.

O professor do Instituto de Computação da UFF, Raphael Machado, explica que o reconhecimento facial funciona através de modelos matemáticos que identificam as pessoas:

A tecnologia tenta montar uma espécie de modelo geométrico de uma face. E a partir dessas informações, como distâncias de pontos chave da face, tipo distância dos olhos, posição do nariz, formato da boca, queixo. Cria-se um modelo matemático que é guardado e associado a uma pessoa para, num momento posterior, você identificar se aquela pessoa de fato é quem está, por exemplo, acessando um local. Nesse momento, faz-se uma nova medição, 'né'? Tira-se uma fotografia e compara-se com aquele modelo que você tem guardado.

No Rio, os três principais estádios já contam com o sistema implementado. Na capital paulista, apenas o Allianz Parque tem entradas feitas integralmente por biometria. 

Os detalhes da implementação do reconhecimento facial nos estádios da Série A do Campeonato Brasileiro estão no site da BandNews FM.

Confira como está a implementação do sistema de reconhecimento facial nos estádios utilizados pelos clubes da Série A do Brasileirão:

  • Maracanã, no Rio de Janeiro: nos jogos do Flamengo, a biometria já funciona em todos os setores do estádio. Nas partidas do Fluminense, a entrada por reconhecimento facial já é obrigatória em alguns setores e a implementação deve ser concluída ainda em setembro.
  • Nilton Santos, no Rio de Janeiro: o acesso aos setores Leste Superior, Leste Inferior, Oeste Superior, Norte e Sul é exclusivo por biometria facial. O clube informa que esta será a única forma de acesso ao estádio em breve.
  • São Januário, no Rio de Janeiro: todos os acessos são por meio de reconhecimento facial.
  • Allianz Parque, em São Paulo: todos os acessos são por meio de reconhecimento facial.
  • Morumbi, em São Paulo: o clube realiza estudos para implementar o sistema.
  • Arena Corinthians, em São Paulo: testes estão sendo realizados e o sistema será instalado dentro do prazo estabelecido, conforme a Lei Geral do Esporte.
  • Estádio Nabi Abid Chedid, em Bragança Paulista: o reconhecimento facial já funciona em dois setores do estádio.
  • Mineirão, em Belo Horizonte: o sistema está em fase de desenvolvimento, com previsão de implantação até o meio do ano que vem.
  • Arena MRV, em Belo Horizonte: está em fase de testes e ainda não foi implementado para a torcida, mas todos os prestadores de serviço e jornalistas já acessam o estádio com reconhecimento facial.
  • Arena do Grêmio, em Porto Alegre: o processo de implementação deve ser concluído até o final deste ano.
  • Estádio Beira Rio, em Porto Alegre: o Internacional estuda implementar a biometria facial e testes já estão sendo realizados.
  • Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul: há chances de implementação do sistema ainda neste ano.
  • Estádio Antônio Accioly, em Goiânia: o sistema de reconhecimento facial passou a ser utilizado no último sábado (14), no jogo contra o Vitória.
  • Arena Pantanal, em Cuiabá: o sistema já está 100% implementado e o acesso ao estádio nos jogos da Série A do Campeonato Brasileiro é feito exclusivamente através da habilitação facial.
  • Arena Castelão, em Fortaleza: a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará já está trabalhando para adequar a Arena Castelão à Lei a federal.
  • Casa de Apostas Arena Fonte Nova, em Salvador: sistema está em processo de implementação.
  • Estádio Barradão, em Salvador: o sistema já está em funcionamento.
  • Arena da Baixada, em Curitiba: a entrada por reconhecimento facial começou a ser implementada em novembro de 2023 e já é obrigatória em alguns setores.
  • Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma: o sistema começa a ser testado no próximo domingo (22), na partida contra o Athletico.

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