Luz, cores e muito brilho. Essas foram as apostas das sete escolas de samba da Série Ouro, que desfilaram no primeiro dia de Carnaval, na Marquês de Sapucaí, nesta sexta-feira (17).
Um dos principais destaques foi a Unidos de Padre Miguel, que mostrou as influências das culturas árabe, moura e muçulmana na cultura nordestina.
Para a narrativa, a vermelho e branco da Vila Vintém apostou em carros maiores e no trabalho minucioso das alegorias e fantasias.
Já na Estácio de Sá, o dia de festa foi representado pela destaque Fernanda Amaral. Grávida de cinco meses, a integrante da escola contou sobre a emoção em desfilar à espera do filho.
Também passaram pela Avenida, neste primeiro dia de desfiles, Arranco do Engenho de Dentro, Lins Imperial, Acadêmicos de Vigário Geral, Acadêmicos de Niterói e São Clemente.
Arranco do Engenho de Dentro
Depois de 10 anos sem desfilar na Marquês de Sapucaí, a Arranco do Engenho de Dentro foi a primeira escola a entrar na Avenida no Carnaval 2023. A agremiação da Zona Norte do Rio abriu os trabalhos da Série Ouro homenageando Zé Espinguela, figura importante na história do carnaval carioca. Foi ele quem criou a primeira disputa entre escolas de samba, em 1929.
A Arranco do Engenho de Dentro passeou entre as raízes de Zé Espinguela, com a ancestralidade africana, depois passou pela semente que ele plantou, lembrando que ele foi um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, em seguida foi para o tronco, mostrando toda versatilidade de Zé Espinguela, que foi jornalista, carnavalesco e compositor, finalizando com os frutos colhidos por ele.
Lins Imperial
A Lins Imperial trouxe para o Sambódromo a história de Madame Satã. A escola de samba de Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, foi a segunda a entrar na Marquês de Sapucaí no primeiro dia dos desfiles da Série Ouro.
A agremiação começou a apresentação com os delírios de João Francisco criança, e evolui para a mudança do João já nas ruas da Lapa, lugar onde trabalhou como garçom, cozinheiro e aprendeu sobre os cabarés e a prostituição.
O terceiro setor trouxe João já como Madame Satã: a artista-travesti, rainha negra da boêmia carioca. A promessa dessa parte do desfile era trazer A Lapa de Satã no segundo carro alegórico. Mas a segunda parte da alegoria quebrou e o que era para ser um carro, virou apenas um tripé, que precisou ser empurrado.
A verde e rosa finalizou a apresentação com o mito e a lenda que foi Madame Satã.
Acadêmicos de Vigário Geral
A Acadêmicos de Vigário Geral fez o público, no Sambódromo, retornar aos tempos de criança. Com o enredo "A Fantástica Fábrica da Alegria", baseado no filme "A Fantástica Fábrica de Chocolate", a agremiação foi a terceira a desfilar nesta sexta-feira (17).
A comissão de frente foi comandada pelo personagem Willy Wonka. Mas, em vez de um bilhete premiado para acessar a fábrica de chocolates, a escola levou para a avenida um mundo de cores, sonhos e fantasia, recordando as brincadeiras de infância.
Já na bateria, os integrantes contaram com a astúcia do personagem Chapolin Colorado, que foi a fantasia usada pelos ritmistas da escola.
E para provar que o preconceito não tem espaço no mundo infantil, a escola apostou no terceiro casal mestre sala e porta bandeira mirins, Josias Araújo e Sophya Canuto, que são crianças com Síndrome de Down.
Estácio de Sá
Um problema na fantasia quase deixou a ala inteira de passistas da da Estácio de Sá sem desfilar.
A escola precisou improvisar roupas para que os integrantes entrassem na Avenida. Mas, mesmo com o impasse, a agremiação manteve o samba no pé e conseguiu levantar o público.
A Estácio de Sá levou para o sambódromo a fábula sobre o encontro entre São João e São Luís, que decidem descer à terra, com a missão de abençoar os festejos juninos do Maranhão e o Carnaval.
Unidos de Padre Miguel
A Unidos de Padre Miguel desponta como uma das favoritas a brigar pelo tão sonhado acesso ao Grupo Especial do Carnaval Carioca.
No primeiro dia de desfile da Série Ouro, a escola de samba da Zona Oeste do Rio retratou a influência árabe, moura e muçulmana no Nordeste brasileiro.
No entanto, a agremiação teve problema no abre-alas no fim do desfile e os componentes desceram do carro para cruzar a Marquês de Sapucaí.
Acadêmicos de Niterói
A estreia do Acadêmicos de Niterói na Série Ouro foi com uma homenagem aos 450 anos do município da Região Metropolitana.
Com a vaga herdada da conterrânea Acadêmicos do Sossego, a agremiação apresentou o enredo Carnaval da Vitória, celebrado em 1946 ao fim da Segunda Guerra Mundial. O carnavalesco André Rodrigues trouxe para a avenida a história dos blocos de diferentes bairros da cidade sorriso.
A escola abusou do efeito dos tradicionais confetes tão comuns no Carnaval de rua, que foram lançados pela Sapucaí em pelo menos três ocasiões.
Referências a Arariboia, fundador de Niterói, e às barcas que fazem a travessia para o Rio também estiveram presentes.
São Clemente
Última escola a entrar na Marquês de Sapucaí no primeiro dia, a São Clemente desfilou já ao nascer do sol.
O enredo propôs uma inversão dos registros históricos: e se os nativos brasileiros tivessem descoberto o Velho Mundo?
O samba conquistou o público e os integrantes da escola, que tinham a letra na ponta da língua e se empolgavam toda vez que os intérpretes cantavam o refrão. Um dos compositores, o humorista Marcelo Adnet também desfilou na comissão de frente.
A repetição de fantasias que remetiam a índios, porém, prejudicou o desenvolvimento do enredo.
Segunda noite de desfiles
Oito escolas vão desfilar no Sambódromo entre a noite deste sábado (18), e a madrugada de domingo (19). União de Jacarepaguá, Unidos da Ponte, Unidos de Bangu, Em Cima da Hora, Unidos do Porto da Pedra, União da Ilha do Governador, Império da Tijuca e Inocentes de Belford Roxo encerram os desfiles da Série Ouro do carnaval carioca. Ao todo, 15 escolas disputam uma única vaga para o Grupo Especial.
Fotos: João Gabriel, Alexandre Macieira, Aline Fonseca e Luciola Villela/Riotur