Servidores da rede municipal de educação do Rio de Janeiro realizam uma vigília nesta terça-feira (26) na Cinelândia, no Centro da cidade. A ação se concentrou na frente da Câmara dos Vereadores e foi realizada após anúncio de greve da categoria. 
 
A informação foi confirmada durante uma assembleia realizada nesta segunda-feira (25) Cerca de dois mil profissionais das escolas municipais participaram da plenária. Uma manifestação também foi realizada e terminou em confusão. De acordo com a Polícia Militar, um homem foi encaminhado à delegacia durante uma tentativa de bloqueio de uma das vias da região. O caso vai ser enviado ao Juizado Especial Criminal. 
 
Em nota, o SEPE criticou o que chamou de uma ação arbitrária da PM contra os trabalhadores da educação que participavam do ato. 
 
A principal reivindicação dos servidores é a mudança na contagem da carga horária dos professores. O grupo argumenta que, com a alteração, os profissionais vão trabalhar mais tempo em sala de aula e, consequentemente, perder minutos de planejamento das classes. A proposta de mudança está descrita no Projeto de Lei Complementar 186/2024, que está em processo de votação na Câmara Municipal. 
 
A maioria dos estados do Brasil segue o modelo de contagem de carga horária proposta no projeto de lei da Prefeitura do Rio. 
 
Os profissionais também pedem revogação de uma lei 8666/2024 que amplia a renovação de contratos temporários para até 6 anos. 
 
Além das condições de trabalho, os servidores também reclamam da precariedade nas estruturas das escolas, como comenta a professora da rede municipal Simone Dias.   

Existem unidades escolares em condições totalmente precárias, a merenda escolar só piora, inúmeros profissionais exaustos e doentes, as turmas abarrotadas de alunos com deficiência e transtornos e sem mediadores e profissionais especializados.

 A especialista em políticas educacionais e ex-diretora global de educação do Banco Mundial Claudia Costin, afirma que começar uma paralisação no final do ano letivo não é a melhor solução.

A gente deveria pesar se vale a pena e, mais do que isso, se é motivo para privar os alunos das aulas, que são tão importantes. E fazer isso justamente no fim do ano letivo, que é quando os professores estão se empenhando para recuperar a aprendizagem dos alunos que têm mais dificuldade, eu acho que seria importante que se revisse essa decisão por uma paralisação, por uma questão dessas.

Alguns pais de estudantes da rede municipal afirmam que foram notificados sobre uma paralisação, mas não foram informados sobre o período de duração. Outros dizem que não estão sabendo de nenhuma greve e que os filhos seguem indo para a escola normalmente, como é o caso da mãe de uma aluna de 10 anos, que preferiu não se identificar. 

Minha filha tem 10 anos, ela estuda na Escola Presidente Gronschi, no bairro de Jardim América, e até o momento não foi comunicada a respeito de nenhuma greve com relação aos professores

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Educação informou que tem feito diversas reuniões com o sindicato e que os alunos não vão perder aulas. De acordo com a pasta, na ausência dos professores, os diretores e coordenadores das unidades escolares vão garantir o atendimento aos estudantes. 
 
Porém, pais de alunos da Creche Municipal Barbosa Lima Sobrinho, em Vigário Geral, na Zona Norte, foram informados que os filhos não teriam aula nesta terça-feira (26) por não ter professor. Questionada sobre o funcionamento da Creche, a Secretaria de Educação não respondeu. 
 
A pasta e o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro não souberam informar também quantos profissionais aderiram à greve. 
 
Uma nova assembleia da categoria está programada para a próxima sexta-feira (29).