Segmento evangélico volta a atacar comunidade judaica

Confederação Israelita do Brasil pede ajuda ao Ministério Público para investigar ações criminosas

Por Carlos Briggs

Ataques vem de seguidores do pastor Tupirani da Hora Lores Reprodução/Redes Sociais
Ataques vem de seguidores do pastor Tupirani da Hora Lores
Reprodução/Redes Sociais

Após nova onda de ataques e ameaças de um segmento evangélico à comunidade judaica, a Confederação Israelita do Brasil pede ajuda ao Ministério Público nos Estados para investigar as ações criminosas em todo o país.

Nos últimos meses, centenas de judeus tiveram as redes sociais invadidas por fieis do pastor Tupirani da Hora Lores. Os chamados religiosos deixam mensagens de ódios na internet.

Tupirani da Hora Lores e líder da igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo. O pastor foi condenado pela Justiça Federal a 18 anos e 6 meses de prisão por crimes de racismo e ódio contra judeus. A ação foi movida pela Confederação Israelita do Brasil e pela Federação Israelita do Rio de Janeiro.

Só em uma mesma postagem, um perfil marcou 132 pessoas, todas judias.

Entre as vítimas está André. Ele afirma que não entende que o ataque foi pessoal, mas uma ameaça coletiva. Com medo de represálias, o ouvinte pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome.

Nos ataques recentes Lucas, que também é judeu, foi mais uma vítima dos extremistas religiosos.

A ação provocou reação da comunidade judaica. O presidente da Confederação Israelita no Brasil, Claudio Lottenberg, recorreu aos ministérios públicos estaduais e Federal.

Os ministérios públicos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul firmaram acordo de cooperação com a Conib. Em São Paulo e Santa Catarina as conversas estão avançadas.

As contas utilizadas para atacar a comunidade judaica, apresentam características de perfis falsos. Os internautas não utilizam fotos reais, possuem poucos seguidores e foram criadas recentemente. O colunista em tecnologia da BandNews FM, Wharrysson Lacerda, dá mais uma dica: contas com provocações feitas através de textos idênticos representam mais um indício de que o usuário é fake.

O presidente do Instituto Brasil Israel, Daniel Douek, afirma queos ataques vão além da comunidade judaica.

O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Alberto Klein defende uma legislação mais dura para crimes de intolerância.

Na condenação ao pastor Tupirani Lores, a juíza Valéria Caldi Magalhães proferiu na sentença que "o réu se valeu de sua condição de pastor de uma comunidade religiosa para a prática do crime, o que incrementa o potencial de induzir os seguidores a agir de modo similar".

Em 2020, pelo menos um ataque na internet foi direcionado à comunidade judaica. O levantamento da Conib é de 2020 e ainda revelou que 65% das ameaças foram feitas em ambientes virtuais.

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