Cerca de 400 famílias que dependem da pesca na lagoa de Saquarema, na Região dos Lagos, pedem socorro. Uma obra para abrir o canal de ligação com o mar está parada há cerca de seis meses. A intervenção ajudaria na renovação da água e, consequentemente, na vida dos animais do local.
Com a saída das máquinas retroescavadeiras, o que ficou deixou o local ainda pior do que estava antes. Hoje, as pedras e as dunas de areia invadiram ainda mais o acesso. A oxigenação da lagoa ainda fica mais prejudicada com o aumento de despejo de esgoto na região. O problema se agrava com o aumento da população. Dados do IBGE mostram que nos últimos 15 anos, o número de moradores na cidade quase dobrou, pulando de 60 para aproximadamente 100 mil habitantes.
Morador do local, Fernando Arruda afirma que uma obra para ampliar o canal que liga a lagoa ao mar foi iniciada, mas abandonada há cerca de seis meses.
Atualmente, espécies de peixes como Corvina, Tainha, Robalo além de Camarão estão desaparecendo da lagoa de Saquarema.
A obra foi embargada pelo Ministério Público Federal. Quem vive em Saquarema e depende da lagoa denuncia que a paralisação foi feita sem critério, já que as areias e pedras removidas foram abandonadas no local e, consequentemente voltaram a invadir o já estreito canal de comunicação com o mar.
O professor do Departamento de Biologia Marinha do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, Cássio Monteiro, afirma que além da necessidade de recomeçar as obras de alargamento do canal de Saquarema, é essencial tratar o esgoto da lagoa.
A opinião é compartilhada com o professor do Departamento Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da UFF, Rodrigo Amado.
Especialistas apontam que o canal deveria ter três metros de profundidade, mas a extensão possui cerca de meio metro. Além disso, as pedras e dunas movimentadas para a entrada aumentam os riscos de naufrágio para as traineiras que tentam acessar o mar. O ambientalista Fábio Feldman faz duras críticas ao que chamou de omissão de poder público.
A Lagoa de Saquarema tem aproximadamente 24 km², estendendo-se por cerca de 11,8 km ao longo do litoral. O pescado é a principal fonte de renda do sistema lagunar do município.