Ronnie Lessa delata Domingos Brazão como mandante do assassinato de Marielle

Na segunda-feira, o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, garantiu que o crime será esclarecido em breve

João Boueri e Luanna Bernardes

Brazão voltou ao cargo no Tribunal de Contas no ano passado
Reprodução

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirma que a delação premiada não é um meio de prova e que são necessários outros elementos para se concluir uma investigação. A declaração foi dada nesta terça-feira (23) durante entrevista coletiva, após a realização da primeira reunião de transição na pasta com a saída do político e a chegada de Ricardo Lewandowski.

Dino não confirmou a delação premiada do policial militar reformado Ronnie Lessa, um dos acusados de envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A colaboração foi confirmada pela TV Band de Brasília. A delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ronnie Lessa delatou o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão como um dos mandantes dos assassinatos. A defesa do ex-deputado estadual disse que o político não tem qualquer envolvimento com os crimes.  

A defesa de Brazão ainda ressalta que pediu acesso à investigação, o que foi negado, motivo pelo qual desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito. 

Durante a entrevista nesta terça, o ministro Flávio Dino disse que o caso de Marielle Franco "jamais ficou parado" e que a investigação pode estar relacionada com outros crimes no estado do Rio.  

Na segunda-feira (22), o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, garantiu que o crime será esclarecido em breve, como já havia sido dito no início do ano pelo ministro Flávio Dino.

Atualmente, o ex-policial militar Élcio de Queiroz, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa e o PM reformado Ronnie Lessa estão presos acusados de envolvimento nos assassinatos. Segundo as investigaçoes, Élcio dirigiu o veículo usado para cometer o crime, Ronnie foi o atirador e Maxwell ajudou no desaparecimento de provas.

Domingos Brazão voltou ao cargo no Tribunal de Contas do Rio no ano passado. Ele e outros quatro conselheiros foram presos temporariamente em 2017, na Operação Quinto do Ouro, em um desdobramento da operação Lava Jato no Rio. 

Na época, as investigações do Ministério Público Federal apontaram que os conselheiros receberam propina para fazer vista grossa nos desvios dos cofres públicos praticados pelo grupo chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral.

Brazão já foi vereador, empresário, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos e atualmente é conselheiro do TCE.

Em 2019, o político foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de obstruir as investigações sobre a execução de Marielle e Anderson. A denúncia, assinada pela então procuradora Raquel Dodge, acusava outras três pessoas de participarem na obstrução. Desde a ocasião, Brazão nega envolvimento no assassinato.

Em publicação na Internet, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, afirmou que a família aguarda os comunicados e resultados oficiais das investigações.

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