O ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, afirmou que nunca teve contato com os irmãos Brazão. A declaração foi dada durante o depoimento do delegado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no processo que pode levar à cassação do mandato de Ciquinho Brazão na última segunda-feira (15).
Rivaldo é apontado pela Procuradoria-Geral da República como o responsável por obstruir as investigações e proteger os irmãos Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Eles foram presos em março deste ano em uma operação da Polícia Federal.
Durante a oitiva, Barbosa, disse que aceitou ser testemunha de defesa do deputado federal para se manifestar sobre o caso.
Ao todo, 14 testemunhas foram relacionadas. Seis delas pela relatora do processo, a deputada Jack Rocha (PT), e oito apontadas pela defesa de Chiquinho)
Na audiência, o ex-chefe de Polícia Civil negou que tenha sido nomeado ao cargo por influência do ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão.
Rivaldo destaca que Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora, fez a acusação de que as investigações foram obstruídas por ter sido investigado por ele.
Investigações da Polícia Federal apontam que Rivaldo Barbosa foi nomeado pelo então secretário de Estado de Segurança Pública, general Richard Nunes, durante a intervenção federal no Rio de Janeiro. Nunes, por sua vez, foi nomeado pelo interventor, general Walter Braga Netto. Na época, a Subsecretaria de Inteligência do Rio se posiconou contrária à indicação de Rivaldo ao cargo de chefe da Polícia Civil.
Em depoimento, Barbosa disse ainda que deixou as investigações do caso Marielle sob a responsabilidade de Giniton Lages porque ele era o delegado mais completo.
Segundo as investigações, Giniton é um dos responsáveis pela garantia de impunidade do caso.
Nesta segunda-feira (15), o vereador do Rio, Willian Coelho e o ex-deputado federal Paulo Sérgio Ramos Barboza também foram ouvidos pelos parlamentares. Na terça (16), o Conselho de Ética vai ouvir Domingos Brazão.
A participação de Domingos e de Rivaldo por videoconferência foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na última sexta-feira (12).