Rio recicla menos da metade do lixo e gasta R$ 200 milhões com aterros

Segundo a Comlurb, são 5.700 toneladas recolhidas por mês, 1.500 pela companhia

Por Gabriela Morgado

Comlurb
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Só 11% do lixo potencialmente reciclável gerado na cidade do Rio de Janeiro é separado para a coleta seletiva. Segundo a Comlurb, são 5.700 toneladas recolhidas por mês, 1.500 pela companhia e o resto, por catadores autônomos registrados.

Os agentes da Comlurb atendem 117 bairros, dos 164. O lixo reciclável vai para 29 cooperativas cadastradas, que revendem ou transformam o material recebido.

Mas ambientalistas alertam que falta estrutura para que os locais consigam fazer o processo corretamente, já que muitas pessoas não separam o lixo direito, como ressalta o consultor ambiental Luiz Renato Vergara.

Depois da coleta seletiva, você tem que fazer uma triagem para revender esse material ou para você também transformar esse material. O que a maioria das prefeituras fazem? Elas vão lá, têm os catadores, organizam as cooperativas, aí dão uma prensa, dão um caminhão, dão um EPI e para por aí. Quanto que o catador hoje está conseguindo, qual o poder dele de revenda, ele consegue ter uma vida digna? Você não tem um senso sobre isso.

No total, são cerca de 9 mil toneladas de lixo geradas por dia na cidade, uma média de 270 mil por mês, entre resíduos que poderiam ser destinados à reciclagem e materiais como lixo hospitalar e comida.

No prédio da terapeuta ocupacional Luciane Dias, não há lixeiras específicas para a separação. Ela conta que, por isso, desistiu do processo.

Eu já tentei fazer coleta seletiva lá onde eu moro, no prédio, não tem lixeira própria para isso, então eu coloco nos sacos lá em casa, separo o vidro, separo a garrafa plástica. Chega lá embaixo no prédio, junta tudo com resto de comida, então assim... fica difícil, não tem como fazer.

O lixo que não é separado para a coleta seletiva vai para o Aterro Sanitário de Seropédica, na Baixada Fluminense. 

O consultor ambiental Luiz Renato Vergara ressalta que o investimento em campanhas e equipamentos para a coleta seletiva poderia trazer uma economia para a Prefeitura. Hoje, a Comlurb gasta R$ 78,44 por tonelada para a destinação de resíduos para o aterro sanitário, mais de R$ 250 milhões por ano.

Vamos considerar que se tem capacidade real de reciclar de 30%. 30% a menos de lixo que vai para aterro sanitário. Nós estamos falando de uma economia de R$ 76 milhões. Pegue metade desse valor, R$ 38 milhões, investe em coleta seletiva, nos catadores, nas cooperativas, com certeza você vai ter uma economia e você vai conseguir fazer com que a cadeia da coleta seletiva promova preservação ambiental na prática.

Em nota, a Comlurb disse que é fundamental que os moradores promovam a separação do lixo nas residências. O recolhimento porta a porta é feito uma vez por semana, em dias alternados aos da coleta domiciliar. Os horários estão no site da Comlurb. Pedidos para incluir ruas no itnerário podem ser feitos pela Central de Atendimento 1746 da Prefeitura.

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