Quase 18 mil operações policiais foram realizadas no Estado do Rio de Janeiro entre 2007 e 2021. Do total, 593 foram transformadas em chacinas, o que representa, em média, mais de três chacinas por mês no período, com 2.374 mortos. O estudo é do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da Universidade Federal Fluminense (UFF)
A grande maioria das chacinas foram contabilizadas na capital fluminense com 383 ocorrências, representando 65%, seguida da Baixada Fluminense e do Leste Fluminense, onde se destaca negativamente o município de São Gonçalo, com 44 chacinas.
No município do Rio de Janeiro, as chacinas foram concentradas na Zona Norte, principalmente em Costa Barros, Maré, Penha, Jacarezinho, Vicente de Carvalho e Complexo do Alemão. Na Zona Oeste, os bairros de Santa Cruz, Senador Camará, Bangu e Cidade de Deus registraram os maiores números.
O Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, é o quarto bairro com mais chacina na região. Foram 19 chacinas entre 2007 e 2021. Entretanto, é o primeiro em relação ao número de mortes, com 112. Somente em 6 de maio de 2021, foram 28 mortes na Favela do Jacarezinho. Segundo o estudo, na região há 70% de probabilidade de mortes em operações policiais.
A pesquisa aponta ainda que a letalidade violenta da polícia pode estar associado ao número de chacinas. Quanto mais o uso da força é utilizado, maior a probabilidade de mortes. Entretanto, entre 2013 e 2019 foi registrado crescimento de mais de 300% das mortes por intervenção de agentes de estado
Ainda na capital fluminense, as chacinas são registradas mais em regiões com disputa entre grupos armados, com 43%, seguida dos bairros sob controle do Comando Vermelho. As áreas dominadas pela milícia representam um número baixo das ocorrências.
Mesmo sendo realizada, na grande maioria das vezes, pela Polícia Militar, as chacinas, na média, registram mais mortes em operações da Polícia Civil. Segundo o estudo, quando as ações são realizadas por unidades especiais, como o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) e a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais da Polícia Civil (CORE), a probabilidade de acontecer uma chacina é quase duas vezes maior.
