Retirada de embarcações abandonadas na Baía de Guanabara pode durar seis anos

Segundo a Secretaria de Energia e Economia do Mar, o cronograma de remoção deve ser entregue até o fim do mês

Por Pedro Dobal

Retirada de embarcações pode durar seis anos
Tânia Rêgo/Agência Brasil

A remoção das embarcações abandonadas na Baía de Guanabara pode durar seis anos. Apesar da promessa de concluir a retirada até 2024, um acordo que está sendo negociado por autoridades fluminenses prevê a possibilidade de prorrogação do prazo de um ano e meio três vezes.

A assinatura do documento foi discutida em uma reunião no fim do mês passado e os detalhes ainda estão sendo debatidos.

Embora uma das embarcações já tenha sido retirada no mês passado, como um marco do inicio do processo, o plano para remover as demais ainda será elaborado pela PortosRio, que administra os portos públicos do estado. O projeto, então, seria analisado e aprovado pelo Instituto Estadual do Ambiente e pela Capitania dos Portos. Já as prefeituras do Rio e de Niterói seriam responsáveis por apresentar locais apropriados para o desmonte dos cascos e o descarte dos resíduos.

Segundo a Secretaria de Energia e Economia do Mar, o cronograma de remoção deve ser entregue até o fim do mês.

O professor da Faculdade de Oceanografia da Uerj, Marcos Fernandez, acredita que um projeto bem executado poderia gerar empregos e levar à criação de uma pequena indústria de reciclagem de embarcações. 

Você pode gerar uma renda qualquer, um trabalho qualquer, reciclando esse material? Pode. Você pode começar uma pequena reciclagem? Pode, desde que faça isso direito. Você tem um lado potencial de ganho ambiental de evitar que alguma dessas embarcações que estão largadas há tempo tenha substâncias perigosas dentro. Isso é extremamente vantajoso para a sociedade.

De acordo com a Marinha, o último mapeamento, feito em janeiro, revelou que havia 51 embarcações abandonadas na Baía de Guanabara.  

Muitas são alvo de disputa judicial, brigas de família ou até mesmo abandono por dívidas dos donos. Em janeiro, a Capitania dos Portos instaurou um processo administrativo para que os proprietários deixem de ter direito sobre elas, já que representam obstáculo à navegação e ameaça a terceiros ou ao meio ambiente.

O fundador do Movimento Baía Viva, Sérgio Potiguara, lembra que, em 2012, o Inea fez um leilão dos cascos, mas as embarcações mais precárias foram deixadas de lado. 

Eles só tiraram o que eu chamo de filé mignon, as embarcações de aço, alumínio e ferro que têm alto valor econômico. Nenhuma das embarcações mais precárias, mais inseguras, foi retirada.

Em novembro do ano passado, o navio São Luiz, que estava abandonado desde 2016, colidiu com a Ponte Rio-Niterói após ficar à deriva. A embarcação está atracada no Porto do Rio desde o acidente, que fechou a ponte por três horas. 

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