Relatório do Ministério da Saúde aponta irregularidades em hospitais federais

A espera por uma cirurgia pode levar até 9 anos em algumas unidades do Rio

Por Gabriela Souza

Relatório do Ministério da Saúde aponta irregularidades em hospitais federais
Ministério da Saúde
Marcello Casal Jr | Agência Brasil

A espera por uma cirurgia pode levar até 9 anos em alguns hospitais federais do Rio de Janeiro. É o que mostra um relatório do Ministério da Saúde, que também aponta irregularidades. As visitas técnicas aconteceram entre fevereiro e março.

No Hospital Federal de Ipanema, na Zona Sul do Rio, três salas de cirurgia se encontram fechadas e 14 dos 131 leitos estão impedidos. Os técnicos identificaram que também há demora no credenciamento e, com isso, pelo menos 2.900 pacientes aguardam na fila para procedimentos.

Veronica da Silva Coutinho, de 55 anos, é paciente renal e conta que espera há dois anos pra fazer uma cirurgia na válvula do coração, condição que interfere no funcionamento dos rins.

No Hospital Federal Cardoso Fontes, na Zona Oeste, a emergência pediátrica está fechada e 28 leitos estão impedidos, por falta de profissionais. Também foi constatada superlotação na sala amarela, problema que também acontece em outras unidades.

Já no Hospital dos Servidores do Estado, na Zona Portuária, enfermarias com saída de oxigênio e estrutura para leitos de internação foram adaptadas para outros fins, como repouso médico e da enfermagem. Ou seja, recursos que deveriam ser destinados ao atendimento da população estavam sendo utilizados para fins administrativos.

No oitavo andar da unidade, há ainda um setor chamado de "Plantão Interno", que não consta no Censo Hospitalar Público e possui 8 leitos funcionais, sendo 2 para pacientes críticos e 6 para não críticos. O local deveria ter 16 baias com réguas de oxigênio, mas metade está inoperante.

O Hospital dos Servidores chega a ter pombos, morcegos e ratos em algumas áreas inutilizadas.

Já no Hospital de Andaraí, na Zona Norte, a obra da cozinha é mais uma não finalizada, o que acarreta um alto custo adicional mensal em transporte de alimentos. No Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul, foram encontrados 32 leitos impedidos, 21 reservados, 103 ocupados e 92 leitos vazios, revelando andares inteiros do hospital sem pacientes.

As principais recomendações dos técnicos foram a retomada do funcionamento dos leitos impedidos ou destinados a outras finalidades e a apresentação de um plano para a contratação de trabalhadores, de forma a recompor o quadro de funcionários, além da autorização da entrada da equipe de regulação do município nos hospitais para integrar o núcleo interno e facilitar a integração assistencial com a rede municipal.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que está em processo de conclusão de estudo do modelo de recomposição da força de trabalho, para reverter a atual situação. Além disso, a pasta afirma que mais de 4 mil profissionais vão ser contratados temporariamente. O Governo Federal destacou ainda que já foram reabertos mais de 300 leitos nos seis hospitais citados e que vai criar uma Câmara Técnica de Padronização de Medicação e outros insumos para facilitar e otimizar a aquisição dos mesmos. A primeira reunião está agendada para a próxima quarta-feira, 2 de agosto. 

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