Relatório da PF aponta aumento expressivo nos bens de Domingos Brazão

Ex-conselheiro do TCE-RJ teria acumulado fortuna de R$ 11 milhões em 6 anos

Por João Boueri

Brazão é acusado de ser o mandante da morte da vereadora Marielle Franco
Reprodução/Alerj

Em seis anos, a evolução patrimonial do ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, aumentou em R$ 11 milhões e 467 mil. Ele é acusado de ser o mandante da morte da vereadora Marielle Franco. 

Os dados são referentes aos anos entre 2010 e 2016. A informação consta em um novo relatório da Polícia Federal referente às investigações dos assassinatos da parlamentar e do motorista Anderson Gomes. 

A PF pediu para que o Supremo Tribunal Federal envie o novo documento à Procuradoria-Geral da República, já que há indícios de crimes contra a administração pública e de lavagem de capitais.

Domingos Brazão está preso desde o dia 24 de março deste ano, assim como o irmão Chiquinho Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, acusados de participação nos crimes. 

O documento da PF aponta que dois fatores contribuíram para o aumento do patrimônio de Domingos Brazão: a grilagem de terra na Zona Oeste do Rio e o setor de combustíveis. O investimento em postos de combustíveis proporcionou à Domingos o recebimento de milhões de reais em espécie, segundo o relatório. 

Os investigadores analisaram a fatura dos cartões de crédito de Domingos e Alice Kroff, esposa do acusado. Em janeiro de 2024, o valor de gastos foi de R$ 60.688,00. O relatório aponta ainda que mais de R$ 60 mil foram utilizados do limite do cartão para reservas em um resort cinco estrelas na ilha caribenha de Curação. No mês de março, mais de R$ 19 mil foram gastos somente em ingressos para a apresentação do tenor italiano Andrea Bocelli. 

Dezenoves documentos apreendidos na casa de Domingos Brazão, após a prisão do político, são de imóveis de interesse da Superplan, administrada por Domingos e a esposa. O relatório da PF indica que a maior parcela da evolução patrimonial registrada por Brazão nas declarações de Imposto de Renda, nos anos de 2015 e 2016, está classificada como "empréstimo para futuro aumento de capital" em favor da empresa no valor de R$ 1,34 milhão em 2015 e um outro de R$ 1,94 milhão no ano seguinte.

No entanto, o documento de investigação aponta que o valor é muito superior ao que Domingos poderia dispor em 2016, segundo levantamento da Receita Federal. Na prática, o político pode ter utilizado rendimentos de origem não identificada, que ele não quis ou não poderia divulgar. 

Procurada, a defesa de Domingos Brazão ainda não se posicionou.

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