O recadastramento dos lojistas diretamente impactados pelo incêndio que atingiu o Mercado Popular da Uruguaiana, no Centro do Rio, foi iniciado nesta quarta-feira (15).
Segundo a Secretaria de Ordem Pública, a Associação dos Comerciantes do local enviou uma lista com os nomes dos comerciantes que foram afetados pelo incidente do último domingo (12). Nesta terça (14), 96 quiosques foram demolidos. Os ambulantes vão ser realocados em boxes que já existem no Camelódromo e que estão desocupados.
O secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, diz que os ambulantes que vão precisar trocar de lugar terão que se adaptar em um primeiro momento, mas que terão condições melhores de trabalho.
A gente vai trabalhar dentro do que o mercado popular oferece. A gente tem muitos boxes que estão vazios, sem utilização. É claro que esse primeiro momento que as pessoas sofreram esse incêndio, a pessoa vai ter que fazer uma espécie de modificação na sua rotina, então a gente vai trabalhar para que essas pessoas sejam o mais rápido possível atendidas. Mas a gente tem certeza que a gente vai conseguir organizar, olhar para dentro do mercado popular, fazer esse recadastramento e todo mundo que está aqui efetivamente trabalhando, ganhando seu sustento de forma lícita e organizada, essas pessoas vão ser atendidas e certamente estarão em uma situação melhor do que estão hoje.
De acordo com a Seop, os demais comerciantes, de todas as lojas, serão recebidos ao longo da semana.
A Prefeitura do Rio anunciou o retorno do funcionamento do Camelódromo da Uruguaiana para quinta-feira (16).
No entanto, o Ministério Público do Rio considera que a reabertura nas condições atuais, classificada como precoce, representa um grave risco à segurança pública, já que, até o momento, nenhuma intervenção estrutural foi realizada para viabilizar a adequação do espaço às normas de segurança e combate ao incêndio. A declaração está presente em uma petição encaminhada pelo órgão à Justiça nesta terça-feira (14), requerendo a interdição do Mercado Popular da Uruguaiana.
No documento, o MP cita uma vistoria realizada no local em janeiro de 2018, em que foram identificadas instalações elétricas em péssimo estado de conservação e com sério risco de choques e curtos-circuitos, o que poderia causar incêndios de grandes proporções, colocando em risco não só quem frequenta o Camelódromo, mas também o andamento do transporte metroviário, devido à proximidade com as torres de ventilação da estação Uruguaiana.
Ainda na petição, o órgão cita uma nova vistoria realizada em março de 2024, quando foi apontada pelo Corpo de Bombeiros a precariedade das instalações, péssimo estado de conservação dos equipamentos de segurança, em desacordo com as normas do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, e a clara possibilidade de propagação de incêndio. grave. Além disso, o local não possuía certificação de aprovação necessária para obter o alvará de funcionamento.
O Ministério Público diz que o incêndio do último domingo (12) era quase que esperado, diante do precário estado das instalações de segurança do Camelódromo.
Em dezembro de 2019, o Corpo de Bombeiros determinou a interdição do Mercado Popular, o que não foi cumprido. Já em janeiro de 2020, o MP ajuizou uma Ação Civil Pública para interditar o local, que foi indeferida pela Justiça em 2023 e novamente em 2024, após recurso.
A BandNews FM entrou em contato com a Prefeitura do Rio, mas ainda não obteve resposta.
A Light descartou que o incêndio tenha sido provocado por um curto-circuito. A empresa diz que a rede elétrica está íntegra e que foi necessário desligar o fornecimento de energia por medida de segurança.
A Polícia Civil investiga as circunstâncias do incidente, ouvindo testemunhas e analisando imagens de câmeras de segurança da região.