Queimados é o único município do RJ com cobertura de atenção básica à saúde menor que 50%

Segundo levantamento da reportagem da BandNews FM, em 2013, a cobertura era de 26,7%. De lá até 2023, o número foi para 32,1%

Por Jéssica Souza (sob supervisão)

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Em dez anos, Queimados, na Baixada Fluminense, foi o único município do estado que não conseguiu alcançar nem 50% de cobertura na atenção básica à saúde
Divulgação

Em dez anos, Queimados, na Baixada Fluminense, foi o único município do estado que não conseguiu alcançar nem 50% de cobertura na atenção básica à saúde. Os dados são do e-Gestor AB, plataforma do Ministério da Saúde que reúne dados da Atenção Primária à Saúde. 

Segundo levantamento da reportagem da BandNews FM, em 2013, a cobertura era de 26,7%. De lá até 2023, durante as gestões de três prefeitos diferentes, o número foi para 32,1%. A atenção básica, ou atenção primária, é o primeiro nível de cuidados à população, como consultas, exames e vacinas. 

Isso significa que, dos 140.523 habitantes de Queimados, conforme a última estimativa do IBGE em 2022, somente 45 mil estão nessa cobertura.

Em 2023, as únicas cidades que ainda não atingiram a cobertura de 100% foram Campos de Goytacazes (53,5%), Macaé (76,9%), Rio das Ostras (70,2%), Bom Jardim (85,9%), Nova Friburgo (60,3%), Teresópolis (57,6%), Petrópolis (84,6%), Magé (89,2%), Guapimirim (85%), Niterói (86,7%), Rio de Janeiro (64,5%), Nilópolis (89,2%), Belford Roxo (73,2%), São João de Meriti (64,9%), Itaguiaí (89,6%), Paracambi (89,5%), Barra do Piraí (73,3%), Volta Redonda (86,7%) e Paraty (61%).

Procurada, a Secretaria de Saúde de Queimados disse que tem como objetivo chegar a 70% nos próximos dois anos e, para isso, estaria preparando a contratação de profissionais através de concurso público. 

A previsão de chegar a 70% nos próximos dois anos, no entanto, não condiz com o ritmo da cidade, que costuma crescer, em média, apenas 1,08% a cada biênio. Em 2023, Queimados ficou em 3º entre as cidades com mais infectados por HIV no país, segundo Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.

Há duas semanas atrás (3/10), moradores realizaram um protesto na porta da Secretaria de Saúde denunciando descasos no Sistema Único de Saúde (SUS) e fraudes no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). De acordo com a denúncia encaminhada à Câmara Municipal de Queimados, que acionou o Ministério Público do RJ e a Polícia Federal, funcionários e ex-funcionárias teriam marcado mais de mil consultas fraudulentas com a intenção de segurar vagas.

Emanoel Pessoa vive em Queimados desde 2015 e relata que até hoje, quando precisa de atendimento em um hospital geral, se desloca para a cidade mais próxima.

Em questão de hospital público geral, infelizmente não tem, o município de Queimados ainda não tem. A gente fica a mercê de Nova Iguaçu. É o hospital geral mais próximo

 

Uma moradora de Queimados, que não quis se identificar, contou à reportagem que não conseguiu marcar uma consulta pediátrica para a filha em nenhum posto. A informação que ela recebeu foi de que só haveria médicos para crianças a partir de dois anos, já que a única profissional que atendia os mais novos estava afastada. Desde então, ela paga plano de saúde para a menina. 

Para agendar uma consulta ginecológica ou com um clínico geral para a mãe, que é idosa, o tempo de espera é de no mínimo seis meses.

Então se você precisar tomar um remédio de pressão, de diabetes, de colesterol, qualquer coisa, você infelizmente acaba morrendo porque o médico só fica atento daqui a seis meses, um ano, entendeu? E se você estiver precisando de emergência, não tem

Em nota, a Prefeitura de Queimados também afirmou que tem o objetivo de construir mais quatro unidades de saúde até 2025.

Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se manifestou sobre o assunto. 

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