Quatro testemunhas de defesa foram ouvidas neste quarto dia de julgamento da ex-deputada Flordelis, dos três filhos Simone dos Santos, Marzy Teixeira e André Luiz e da neta dela Rayane dos Santos, sendo a pastora acusada de ser a mandante do assassinato do pastor Anderson do Carmo, em 2019. No total, ainda 13 precisam ser ouvidas.
Nesta quinta-feira (10), também terminaram de serem ouvidas as testemunhas de acusação, 13 no total. Três terminaram de ser ouvidas na manhã desta quinta.
A previsão é que o julgamento se estenda para o fim de semana. A previsão, inicialmente, era que terminasse na última quarta-feira, o que não ocorreu.
Pela primeira vez nestes dias de julgamento, Flordelis se manifestou. No depoimento de uma das testemunhas de defesa, o desembargador Darlan de Oliveira, ela se levantou, chorou muito, pediu perdão e disse que era inocente. Ela passou mal, precisou ser retirada do plenário e não voltou até a sessão ser declarada como encerrada ficando fora por três horas.
O desembargador ajudou Flordelis com a adoção de crianças. À imprensa, ele disse que, se a ex-deputada fez algo de errado, deveria pagar, mas que nada tira o exemplo dela como mulher negra na luta pelas crianças.
Última testemunha de defesa do dia, o perito legista Sami Abder descartou a possibilidade de que o pastor Anderson do Carmo tenha sido envenenado alguma vez há acusações a alguns dos réus sobre tentativas de envenenamento, antes da morte dele, mostrando o exame de necropia e citando casos em que é possivel ver, após anos, se houve envenenamento ao longo da vida. Ele também apontou falhas na perícia e divergências de informações nos exames.
Por isso, a defesa da ex-política pediu a exumação do corpo do pastor Anderson, o que foi negado pela juíza Nearis dos Santos Carvalho.
O julgamento está sendo marcado por demora, especialmente pelas interrupções e longos depoimentos. Por vezes, há discussão entre promotores do Ministério Público, da Justiça, juíza e defesa de Flordelis, o que também atrasa o processo, além de frequentes requerimentos da defesa dos réus que precisam ser analisados.
Ainda nesta quinta, Marzy Teixeira passou mal e precisou ser socorrida pelo SAMU.
OS DEPOIMENTOS
Primeira a prestar depoimento, Roberta dos Santos, filha afetiva e testemunha de acusação, disse que tem certeza que a mãe mandou matar o pastor. Ela classificou a mãe como "soberana" e que a família fazia tudo para agradá-la. "Ela (Flordelis) permitiu que ele (Anderson) fosse assassinado".
Segunda a prestar depoimento, Rebeca Vitória, neta afetiva e testemunha de acusação, disse (assim como Raquel Silva, nesta quarta), que Paula Barros, conhecida como Paula do Volley, passou a frequentar a casa da família, após o crime, e conversava com os membros, instruindo o que falar em possíveis depoimentos na polícia. "Coisas que não prejudicassem Flordelis".
Terceira a prestar depoimento, Erica dos Santos, filha afetiva e testemunha de acusação, relatou um caso em que teria visto Simone dos Santos e Rayane dos Santos, ambas que estão sendo julgadas, entrando em um quarto com dois celulares que não eram delas. "Depois, ficamos sabendo que os celulares do pastor e do Flávio (filho julgado, em 2019, por disparar os tiros que mataram Anderson) tinham sumido".
Quarta a prestar depoimento, Thayane Dias, testemunha de defesa e filha afetiva de Flordelis, disse que a mãe era uma boa pessoa e uma boa pastora. Além disso, relatou que o pastor Anderson do Carmo abusava sexualmente de algumas pessoas. Segundo Thayane, ela nunca viu nem ouviu falar de envenenamento ao pastor.
Quinto a falar, médico Diogo Diniz prestou depoimento como defesa da ré Simone dos Santos, mas apenas comentou sobre o tratamento do câncer que Simone fazia e que "teve uma resposta boa aos medicamentos, mas que recomendava fazer exames de rotina". Ele citou melatoma ativo e, depois, Sindrome de Addison em decorrência do tratamento. "Não sei como está a saúde dela agora".
Sexto a falar, o desembargador Siro Darlan de Oliveira falou testemunha de defesa. Ele ajudou Flordelis, na época, com a adoção de crianças. Ele falou sobre a importância de Flordelis como mulher negra e ao expor a situação de crianças de rua. "Eu me sentia como São Paulo, que perseguia os cristãos, porque eu perseguia Flordelis, em relação a esse assunto, até perceber a importância dessa mulher às crianças, no cuidado com os filhos. Então, comecei a ajudar a Flor". "Se ela fez algo de errado, vai ter que pagar, mas não posso deixar de destacar o exemplo dela como cidadã para a sociedade".
Sétimo e último a depor, o médico legista Abder Rahim falou como testemunha de defesa, ele foi indicado pelos advogados de Flordelis no processo. O médico disse que não há elementos que permitem a suspeita de envenenamento, antes de ele morrer, citou exemplos para confirmar que é possível ver, em necropsia, se houve envenenamento ao longo dos anos. "O pastor associava esses vômitos, e alterações de ritmos cardíacos a crises de ansiedade. Isso ocorria com eles desde 2014. Houve muita interrogação a ele pelos promotores do Ministério Público, Justiça e defesa da família de Anderson do Carmo. Por isso, o depoimento demorou mais do que esperado.
CONFIRA O TERCEIRO DIA DE JULGAMENTO